quinta-feira, 19 de julho de 2012

Crazy

Crazy Quilt - detalhe
CRAZY BLOCK ou CRAZY PATCH bloco feito com pedaços irregulares. Usam-se os mais diferentes tipos de tecidos. Como são irregulares e não seguem padrão determinado de costura, é feito um bordado nas emendas do tecido.Os bordados são diversificados. Quando vários blocos “crazy” estão agrupados, eles formam um crazy quilt. É comum usar fundações para esse tempo, , pois facilita o trabalho com tecidos e diferentes texturas.

Maluco (Crazy) - São retalhos irregulares e/ou sucata de peças como renda, sianinha etc. agrupados e formam um quilt louco. Crazy quilts eram populares, na década de 70, muitas vezes, feito com sedas e enfeitados com bordados.

História
O Crazy Quilt não é propriamente um quilt, visto que na grande maioria das vezes não era utilizada a manta, portanto, não havia o sanduíche (tecido, manta, tecido) ou acolchoado que é o que designa o quilt em si. Assim ele é encarado como um pseudo-quilt, pois embora seja um tipo de patchwork, não é um tipo de quilt.
Os retalhos eram unidos aleatoriamente, orientados pela criatividade pessoal e a interação dos materiais, utilizando uma grande variedade de bordados entre as costuras como ornamentação. O valor do quilt estava relacionado diretamente à quantidade e à complexidade dos bordados: quanto mais melhor. Isso produzia peças rebuscadas com muitos detalhes singulares. Esses bordados possuíam intenso simbolismo que expressavam as emoções e desejos de quem os realizavam. Hoje em dia, são feitos workshops nos EUA que ensinam essa linguagem (Crazy Talk), possibilitando a leitura do que está “escrito” em um trabalho antigo de crazy quilt. Um cravo vermelho, por exemplo, significa “pesar em meu pobre coração”, enquanto um alecrim simboliza recordação.
Goldwork detailLogo após a Guerra Civil Americana, também conhecida como Guerra da Secessão (1861 a 1865), o patchwork passou por um período de grande expansão nos Estados Unidos, pois o algodão era cultivado por mão-de-obra barata de ex-escravos no Sul, fazendo com que os tecidos tivessem preços muito baixos. Além disso, esta é a época do surgimento das revistas femininas, como a Ladies’ Home Journal, que passaram a distribuir projetos de Patchwork nacionalmente.
Neste cenário é que o crazy quilt surge e rapidamente encontra grande aceitação entre as quilteiras. Sua assimetria é encarada então como uma grande liberdade da ordem e regularidade estabelecida pelos blocos geométricos tradicionais, pois oferecia infindáveis possibilidades de criação.
Detalhe de um bordado em crazy quilt moderno
O surgimento de tal técnica advém, principalmente, da influência japonesa e britânica. Durante a Centennial Exposition, realizada em 1876, na Filadélfia, as louças craqueladas japonesas (“crazed china”) fizeram grande sucesso. Dessa assimetria dos craquelados surge a primeira inspiração para o crazy quilt.
Já a influência britânica se deve ao Victorian Aesthetic Movement, que pregava a arte pela arte, ou seja, a arte não precisa ser utilitária, mas apenas bela, sendo encarada como uma completa amostra da autonomia e criatividade do ser humano.
Em meio a isso, os chamados novos ricos americanos passaram a ter bastante tempo livre que podia ser gasto com a arte. Assim, o trabalho manual com agulha parecia bastante apropriado para as mulheres dessas famílias, que podiam se utilizar de tecidos finos, como a seda, e tecer intrincados bordados, os quais tinham a finalidade apenas de serem bonitos. É também por isso que ele não precisava de manta, porque não era suposto que ele esquentasse, mas apenas enfeitaria as casas das senhoras.
Crazy quilt moderno
No início do século XX, o Crazy Quilt entra em declínio, quando passa a ser ridicularizado como algo brega, feio e “poluído” demais. As críticas eram ferrenhas: “terrível monstruosidade, para dizer o mínino” (Dr. Dunton); “o tempo, paciência, pontos, erros que o crazy quilt representa… são demais para se por em palavras” (Godey’s Lady’s Book); “ociosidade ocupada de maneira a parecer produtiva [...] aqueles que fazem ‘crazy patchwork’ parecem ter se alimentado de uma raiz insana que aprisiona sua razão.” (Harper’s Bazzar)
Crazy quilt moderno
Entram então em cena, os românticos apliques florais de Marie Webster, quando as quilteiras passam a preferir formas mais simples e visuais mais limpos.
O crazy quilt será redescoberto nos anos de 1980 e 1990, de maneira renovada e com uma infinidade de possibilidades propiciadas pelos tecidos e aviamentos sintéticos. Hoje existem livros, projetos e a combinação de outras técnicas, como o foundation, que ampliaram muito os horizontes para se trabalhar com o crazy quilt.
Embora não seja uma unanimidade, tendo quem o ame e quem o odeie, o crazy quilt desperta bastante interesse entre as quilteiras do século XXI. Ele seduz pela possibilidade de criar peças únicas utilizando apenas sua própria imaginação.

Fonte:Omelete de amoras

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