sábado, 27 de outubro de 2012

Chita

  
            Chita é um tecido de algodão com estampas de cores fortes, geralmente florais, e tramas simples.    As estamparia é feita sobre o tecido conhecido como morim. Uma estampa característica de chita sobre outro suporte que não seja morim não é chita.
            As características principais são: cores primárias e secundárias em massas chapadas que cobrem totalmente a trama, tons vivos, grafite delineando os desenhos, e a predominância de uma cor. As cores intensas servem, não só para embelezar o tecido, mas também para disfarçar suas irregularidades, como eventuais aberturas e imperfeições.
            O nome chita vem do sânscrito chintz e surgiu na Índia medieval e conquistou europeus, antes de se popularizar no Brasil.

Chintz

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            Chintz era originariamente um tecido estampado produzido na Índia de 1600 a 1800 e bastante popular como roupa de cama e para patchwork. Por volta de 1600, mercadores portugueses e holandeses levaram a chintz para a Europa. Esses tecidos eram ainda extremamente caros e raros. Por volta de 1680 mais de 1 milhão de peças de chintz eram importadas para a Inglaterra por ano, e uma quantidade similar seguia para a França e Holanda.
             Com a chintz importada se tornando popular entre os europeus no fim do século XVII, havia preocupação por parte das tecelagens francesas e inglesas, uma vez que não produziam chintz. Em 1686 conseguiram que a França proibisse a importação deste tecido. Em 1720 o parlamento inglês proibiu não só a sua importação bem como o seu uso.
             Os produtores europeus fizeram várias tentativas de imitação dos padrões de chintz, sendo um dos resultados mais conhecidos a estampa francesa toile de Jouy (foto à direita).

História da chita no Brasil

             A chita veio para o Brasil com os europeus a partir de 1800. O tecido originário da Índia passou por várias melhorias até chegar ao que temos hoje. Após um longo processo burocrático, cultural e financeiro, a chita passou a ser produzida também no Brasil. A produção do tecido no país o barateou, e muito, tornando populares as peças confeccionadas com o material, transformando-o, assim, em um dos ícones da identidade nacional.
       

O século das chitas

            Nas três primeiras décadas do século XX, a indústria brasileira viveu uma fase intensa de desenvolvimento. A construção da malha ferroviária e de usinas hidrelétricas facilitava o crescimento, da mesma forma que a chegada de inovações técnicas, como o motor de combustão interna e o motor elétrico. Na área têxtil, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais passaram a concentrar a maior parte das indústrias, assim como o poder econômico que sua produção agropecuária lhes conferia.
            Era a época da “política do café-com-leite”: os cafeicultores paulistas e produtores de laticínios mineiros tinham influência tão forte na política nas décadas de 10 e 20 que se alternavam no comando da nação, com um dos estados indicando o presidente a cada quatro anos.

Algodão vimaranense (2010 a 2011)

             Até o final dos anos 20, a manufatura têxtil de algodão absorvia 40% do nosso capital e 23% de toda a nossa mão-de-obra empregada em nossa indústria. A estamparia ia a pleno vapor, e novamente a eficiência de nossa produção assustou a Inglaterra. Naquele ano, a produção de tecidos brasileira estava calculada em 378.619.000 metros; em 1908 fora de 256.982.203 metros, contra 20.595.375 metros no ano de 1885. As chitas já eram fabricadas em larga escala em grandes empresas. É possível identificar, no acervo do Museu Têxtil Décio Mascarenhas, da Cedro Et Cachoeira, amostras de tecido dos primeiros anos do século XX com estampas florais miúdas, que podem ter sido inspiradas no tecido inglês conhecido como Liberty.
             Em 1912 surgiu a Companhia Fabril Mascarenhas. Começava ali a trajetória de uma empresa que não cresceria muito, mas que começaria a produzir a chita nos anos 70 e o chitão na década seguinte, mantendo essa produção em plena atividade até os dias de hoje – no momento, sob o comando do neto do coronel Mascarenhas, José Henrique Mascarenhas.
            Enquanto isso, o cenário internacional vivia as crises que culminariam com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a vitória do comunismo na União Soviética (1917), enquanto nosso país era agitado por revoltas populares, envolvendo ex-escravos, agricultores e operários.
            A Primeira Guerra Mundial, porém, teria efeito benéfico sobre a produção brasileira. Os países europeus tiveram suas produções manufaturadas suspensas e se dedicaram à produção de armas. Logo, o Brasil começou a tomar lugar de destaque no comércio internacional de produtos manufaturados.

Crescimento e conflito (1930 a 1950)

            A década de 30 chegou com Getúlio Vargas no poder e a necessidade de solucionar graves problemas financeiros nacionais, reflexos da crise internacional.
            De 1931 a 1938 a produção nacional de tecidos de algodão cresceu em cerca de 50%, alcançando os 963.757.666 metros anuais. É desse período a fundação da Fiação e Tecelagem São José, em Mariana, Minas Gerais. Nela começou a produção de chita e a gestação do chitão.

            Enquanto isso, os EUA retomavam o crescimento econômico, o continente europeu assistia a marcha do nazismo e o Brasil caminhava para a ditadura Vargas. Em 1939 eclodia a Segunda Guerra Mundial, e mais uma vez o conflito favorecia a nossa industria têxtil.
             Em 1944 era aberta em Contagem, cidade na região metropolitana de Belo Horizonte, a Estamparia S.A., que é uma das poucas empresas que ainda produz chita, mas apenas 100 mil a 150 mil metros por mês, o que corresponde a 5% de sua produção mensal de tecidos.
             Com o fim da guerra, restava o aumento da especulação monetária e da inflação. Os frutos das novas tecnologias, desenvolvidas para a guerra, chegaram até nós e, na área têxtil, o náilon era o novo objeto de desejo. A chita continuava vestindo os trabalhadores braçais e os moradores das regiões rurais, e era, e ainda é, o pano característico das festas populares. Também era usada nas periferias urbanas. Era a vestimenta do dia-a-dia ou a chamada roupa de brincar das crianças.

O batismo do chitão (anos 50)

              O período denominado democracia populista vai de 1945 a 1964 e se caracteriza pela instabilidade política. A economia e a indústria têxtil sofriam as conseqüências de tanta insegurança. Várias empresas continuavam a produzir e vender chita em abundância, muitas das quais deixariam de fabricá-la alguns anos depois.
             As revistas femininas da época ditavam a moda – vinda de Paris – e ensinavam o comportamento feminino ideal: o de submissa rainha do lar. A drástica virada de mesa dos anos 60 ainda estava por vir, para mudar os rumos de lares, mulheres, rainhas, moda – e usos da chita.
             A Fábrica de Tecidos Bangu deixara de produzir Chita para pesquisar, desenvolver e produzir tecidos de qualidade à altura do mercado internacional, usando principalmente o algodão como matéria-prima. Encerraria, assim, sua função inicial de grande produtora de morins e chitas. Até o encerramento de suas atividades existia, na sede da fábrica, no Rio de Janeiro, a chamada Sala das Chitas.
            No final da década de 1950, a Fiação e Tecelagem São José voltou-se à demanda especifica de sua clientela, e começou a fazer testes para fabricar tecidos – entre os quais a chita – com largura maior. A essa nova chita, mais larga, deu-se o nome de chitão, que “só deu certo e foi divulgado na década de 1960, quando todo mundo começou a fazer também”, recorda-se Oziris Cimino, diretor comercial da Fiação e Tecelagem São José.
            Hoje, o que caracteriza o chitão são as dimensões e as cores de suas estampas florais. Se alguém fizer essa estampa sobre outro suporte que não seja morim, certamente a referência do novo tecido será “estampa de chitão”.



        Atualmente é mais usado em festas populares, como a festa junina, mas vem sendo valorizado também na decoração, principalmente como referência estética.

Chita nas passarelas



           De tempos em tempos, ganha espaço em passarelas, galerias de arte, vitrines e palcos, quando estilistas, artistas plásticos, designers e outros criadores redescobrem estas estampas e as incorporam a suas produções.
Já ganhou livro patrocinado por museu, Que Chita Bacana, de Renata Mellão, que reúne 3 anos de pesquisa sobre o assunto, e seu lançamento teve direito a exposição em várias cidades brasileiras. 

Até o famoso designer Philippe Starck já usou chita em uma das suas cadeiras, a Mademoiselle.



E essa “bolsinha” Prada, lembra ou não lembra a padronagem do chitão?!?!?



 Fonte:Wikipedia,Vila do Artesão,Blog Tudo Junto & Misturado

sábado, 13 de outubro de 2012

História do Biquíni

              
                Verão, sol, mar e muito calor. Hoje em dia, não tem como imaginar esta combinação sem incluir o famoso “biquíni”. E foi há mais de 60 anos o nosso corpo conquistou um pouco mais de liberdade com esta pequena vestimenta. A invenção trouxe uma liberdade tanto no corpo, quanto uma revolução no comportamento e na moda do mundo.

         
              O biquíni (ou bikini) é um maiô de duas peças de tamanho reduzido, que cobrem o busto e a parte inferior do tronco. Seu nome se deriva do atol de Bikini, um atol do Pacífico onde se deu, em julho de 1946, um explosão atômica experimental. Assim, pretendia-se propor que a mulher de biquíni provocava, na época, o efeito de uma "bomba atômica". Na França, o termo é marca registrada.A criação do biquini é disputada por dois estilistas franceses: primeiro, Jacques Heim apresentou o "atome" como "o menor maiô do mundo"; em seguida, Louis Réard mostrou o "bikini, menor que o menor maiô do mundo" e ficou com a fama do criador da peça.

     



A ousadia era tanta, que nenhuma modelo quis vestir a novidade. Sobrou para a stripper francesa Micheline Bernardini, que exibiu um modelo de algodão com estampa que imitava um jornal criado pelo francês Louis Réarde.          
       



A aparição do biquíni foi considerada um escândalo e as mulheres da época se recusavam a usar. Na Europa, a Igreja Católica baniu o uso das duas peças em países como a Itália, a Espanha e Portugal.



No Brasil, o biquíni só era usado por vedetes do teatro rebolado, como Elvira Pagã e Virgínia Lane.




Arquivo Pessoal

           No final dos anos 50 ele atraía multidões para as areias de Copacabana, onde as vedetes Carmem Verônica e Norma Tamar desfilavam com seus biquínis. Multidões se aglomeravam em frente ao Copacabana Palace para admirar a beleza do corpo feminino que ficava à mostra com aquela peça tão polêmica em um primeiro momento.





              Em 1956, a atriz Brigitte Bardot exibiu um modelo xadrez de babadinhos no filme E Deus Criou a Mulher e ajudou a popularizar o traje.

        

              
       
              No entanto atrizes como Ava Gardner, Ursula Andress e Brigitte Bardot foram contra todos os preconceitos da época aderindo ao biquíni, como instrumento de sedução em filmes e em fotos.
          




Helô Pinheiro
      

            A peça continuava taxada de indecente e chegou a ser proibida, em 1961, pelo presidente Jânio Quadros. No ano seguinte, Helô Pinheiro apareceu nas areias cariocas com um modelo comportado e sutiã estruturado e inspirou Tom Jobim e Vinícius de Moraes, que criaram a canção Garota de Ipanema.
 


           A bond girl Úrsula Andress no filme 007 contra o Satânico Dr. No e, novamente Brigitte Bardot, agora de férias em Búzios, transformam as duas peças ícone de moda. Foi também nessa década que surgiu o fio Lycra®, que possibilitou que os antigos biquínis confeccionados com tecidos pesados fossem substituídos por outros mais leves e de secagem mais rápida, ganhando ajuste perfeito.
           Nos anos 60 biquíni atingiu o auge de popularidade. Era muitas vezes usado como adorno em filmes e músicas, e como contestação política e social. Tornou-se um símbolo pop. 





A partir dos anos 70, o biquíni se tornou parte da história das praias cariocas, verdadeiras passarelas de lançamentos da moda praia para o mundo. Foi nesta época que a modelo Rose di Primo inventou a tanga.




 
Também na década de 70, a atriz Leila Diniz foi à praia grávida de 7 meses usando um minúsculo biquíni. A imagem se tornou símbolo da liberação feminina.

 


          

       

  Na década de 80,modelos provocantes entram na onda do culto ao corpo: fio-dental, asa-delta,enroladinho, adesivo e cortininha. Monique Evans era a musa das praias cariocas. Além do biquíni fio-dental, ela era fã do topless. As menos ousadas usavam sutiã cortininha e calcinha asa delta.


           
                No final do século XX, não bastava usar o biquíni. Ele precisava vir acompanhado por cangas, saídas de praia, chapéu, bolsas coloridas e chinelo. O lacinho para fora do short virou febre e o biquíni Made in Brazil faz sucesso no exterior. A tecnologia chegou para ficar. As inovações foram tantas que permitiram estampas de melhor qualidade, trabalhos de jacquard, transparências e até drapeados.
      

          

               Há mais inovações de materiais que de modelagens. Há modelos capazes de levantar os seios e o bumbum. Os tecidos tecnológicos secam rapidamente, impedem a proliferação de bactérias e protegem contra os raios ultravioletas. O último lançamento para o segmento é a tecnologia do LYCRA® Xtra Life, que dá uma maior longevidade ao fio e permite conservar as formas de biquínis, maiôs e sungas até 3 vezes mais que elastanos comuns. Destaque também para os acessórios, que misturam o rústico, como cordas e macramês, com pedras e brilhos sofisticados.


            O Brasil mostrou sua vocação para o uso desses trajes e fez com que a peça fosse aderida pelas mulheres e não é a toa que se há um setor do vestuário em que o Brasil está na frente, sem dúvidas é o de moda praia.  Nosso país avançou em tecnologia e modelagem como nenhum outro e o biquíni brasileiro passou a ser mundialmente reconhecido por sua ousadia, qualidade e criatividade, características que o diferencia de qualquer outro fabricante de outros países.

Fonte:Blog da  Zanotti,Manequim,Lys Bela,

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Perfumes-História


 Tanto o português "perfume", como o francês "parfum", o italiano "profumo" e o inglês "perfume" derivam efetivamente do latim fumus, talvez em uma referência às volutas de fumaça perfumada que subiam aos céus durante os ritos em homenagem aos deuses.

As fragrâncias, que tinham um processo de fabricação muito caro, saem do âmbito do divino e passam a ser associadas a luxo e status, até passarem por um processo de democratização, que ocorre nos primeiros anos século 20, com o surgimento das fragrâncias sintéticas. Da representação do divino à consagração nas grandes casas de moda, entenda a história dos perfumes e sua relação com o espírito das décadas durante o século 20 até os dias atuais.
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A história dos perfumes, que começou há cerca de 4 mil a.C. no Egito Antigo e Mesopotâmia, teve suas raízes no divino. Durante os rituais religiosos, acreditava-se que, por meio de sua fumaça, as mensagens chegavam mais rapidamente aos deuses, daí a origem latina per fumus (através da fumaça).No entanto, foram só os persas que, séculos mais tarde, desenvolveram a técnica de extrair óleos das flores por meio da destilação, processo semelhante ao usado nos dias atuais.


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 Egito
Nossos ancestrais primitivos tomaram conhecimento dos perfumes através dos odores agradáveis que exalavam as florestas em chamas.
Algumas árvores como cedro e pinheiro com seus troncos odoríferos eram queimadas com o intuito dos aromas exalados agradarem aos deuses. Fragrâncias agradáveis utilizadas nestes rituais (sândalo, casca de canela, raízes de cálamo, mirra, incenso) que envolviam sacrifícios animais, serviam para invocar os deuses e disfarçar os cheiros desagradáveis dos animais mortos.
nullAssim, os primeiros perfumes surgiram sob a forma de fumo, conforme o nome nos sugere.
A arte da elaboração do perfume nasceu no Antigo Egito, datado de 3.200 a.C., homenageavam seus deuses acreditando que as suas orações eram atendidas mais rapidamente através da fumaça aromática e untavam os cadáveres com óleos essenciais no processo de mumificação, representando este gesto a eternidade.

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Muitos arqueólogos encontraram vasos de perfume, mais precisamente no túmulo de Tutankámon, que curiosamente preservaram a essência perfumada . Estes frascos antigos eram feitos de alabastro e pedra, devido a não serem porosos permitiram a preservação do aroma por mais tempo.

A produção de um perfume era considerada uma dádiva dos deuses, ficando os sacerdotes ( autoridades religiosas ) responsáveis pelo seu fabrico. Os templos, assim, foram transformados em verdadeiros laboratórios, onde os principais clientes eram os faraós e os membros mais importantes da sociedade.

A civilização egípcia era considerada avançada, apesar de sua antigüidade, para eles eram muito importantes os vestidos, as perucas, as jóias, a maquiagem como os ungüentos e os perfumes, que em ocasiões eram mais caros e apreciados do que o ouro e a prata.
Sua grande e quase mitológica rainha Cleópatra, tinha rituais perfumados, untava suas mãos com óleos de rosas, açafrão e violetas e perfumava os pés com uma loção feita à base de extratos de amêndoa, mel, canela, flor de laranjeira e alfena. Foi a primeira mulher egípcia a utilizar o perfume como “arte de sedução”, como conta a história, ela era mais charmosa e envolvente do que realmente bela.
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Como era realmente Cleópatra e seu desenho
Seduziu o general romano Marco Antonio e o Imperador Júlio César usando um perfume à base de óleos extraídos das flores de henna, açafrão, menta e zimbr.
 

Grécia
Por volta de 800 a.C., as cidades de Atenas e Corinto já exportavam óleos de flores e plantas maceradas: rosa, lírio, íris, sálvia, tomilho, manjerona, menta e anis.
Desde então, os aromas eram populares entre os gregos, que cultivavam a arte de utilizar óleos perfumados. Usados pelos atletas e amados pelos poetas, esses preparados tornavam ainda mais atraentes as mulheres de Atenas. Os gregos apreciavam incensos e fórmulas aromáticas, e acreditavam atrair a atenção dos deuses ao usá-los.
Eles usavam perfumes até mesmo na comida: pétalas de rosas moídas eram ingredientes de receitas sofisticadas e o vinho era aromatizado com mirra, essências de flores e mel perfumado.

A mitologia ilustra a importância do perfume na cultura grega, e a história confirma esse fato.
Uma lenda cita o buquê favorito de Baco, deus do vinho: violetas, rosas e jacintos adicionados à bebida.



Babilônia
Por volta de 650 a.C a cidade da Babilônia, na Mesopotâmia, tornou-se o centro comercial de especiarias e perfumes da época. Conquistado dois séculos mais tarde por Alexandre, o grande, rei dos persas, o império caldeu tornou-se parte da civilização helênica. A influência persa na vida grega incentivou a apreciação de plantas exóticas e o uso de perfumes e incensos. Alexandre entregou sementes e mudas de plantas da Pérsia ao seu professor em Atenas, Teofrasto, que criou um jardim botânico e foi autor do primeiro tratado sobre cheiros. Esse livro detalhava receitas de preparados aromáticos e perfumes, descrevendo prazos de validade e indicando usos terapêuticos. O texto diz que os perfumes deviam ser protegidos do sol, pois a luz e o calor alteravam seu odor. Essa lição é válida até hoje. Após sua morte aos 33 anos, Alexandre foi cremado em uma pira carregada de olíbano e mirra. Graças à riqueza de alguns manuscritos, resgatados pelo historiador Heródoto, conhecemos as primeiras experiências na extração de cheiros de pétalas e folhas, e de seus usos e funções no preparo de ungüentos, loções e perfumes.


Os perfumes desempenhavam um papel importante na vida de um casal; o marido devia proporcioná-los á esposa, tanto como ato de amor como para o rito de purificação. Toda a população utilizava óleos purificadores; os pobres deviam se contentar em purificarem-se com óleo de gergelim, enquanto os ricos podiam fazê-lo com finos óleos de murta e de cedro.
 
Roma
Na antiguidade, o termo odor era ligado apenas ao olfato. A palavra perfume foi adotada apenas séculos depois, quando os romanos levaram do Egito a Roma o hábito de aromatizar ambientes com óleos essenciais das plantas. O paladar uniu-se ao olfato e as essências passaram a ser usadas também em bebidas, como os vinhos. Essa junção teria dado origem ao termo, que ganhou significado bem mais abrangente do que um simples odor.
Para sua terra, os romanos levaram, também, a cultura dos banhos orientais, criando os balneários. Saudavam nobres e até gladiadores com pétalas e água de rosas. Eles adaptaram os banhos aromáticos dos orientais, de natureza higiênica, e os transformaram em verdadeiros encontros sociais. Mais tarde, esse lado social ganhou conotação de libertinagem sexual, e os banhos coletivos viraram bacanais. Podemos dizer que, por isso, quando se fala em casas de banho, saunas e massagens, para muitos vem a ideia da prostituição.

Império Romano
O vasto império conquistado pelos romanos contribuiu muito para a expansão da perfumaria, pois eles consumiam aromas de maneira intensa. O comércio de matérias primas perfumadas foi estimulado pela criação de rotas comerciais para a Arábia, Índia e China. No período imperial, o gosto dos romanos por incensos e perfumes passou dos limites imagináveis, e criou um desequilíbrio na balança de pagamentos do império. Aproximadamente 500 toneladas de mirra e 250 toneladas de olíbano chegavam a Roma pelo mar. Até os cavalos eram perfumados! No século III, Roma se tornou a capital mundial do banho, luxuoso ritual jamais visto em qualquer outra cultura. O banho incluía poções aromáticas variadas. Os cidadãos mais ricos tinham até as solas dos pés perfumadas por escravos. Na cidade podiam ser encontradas mais de 100 casas de banho públicas e privadas, freqüentadas por todas as classes sociais.



Os aromas da natureza continuaram a ser utilizados como proteção ao longo dos tempos. Jesus Cristo, ao nascer, recebeu três presentes dos reis magos: ouro, incenso (olíbano – resina usada em turíbulos nas igrejas) e mirra. Maria Madalena, ao lavar os pés de Cristo num gesto de devoção e fé, usou óleos de nardo e valeriana, de origem asiática.



Mercadores de cultura
Os árabes  descobriram o método da destilação e preparou a primeira água de rosas do mundo, isolando o perfume das pétalas em forma de óleo (o attar, produzido na Síria). Esse conhecimento, que foi sendo transferido de geração em geração, representou um grande passo na história da perfumaria. Seu apogeu foi na Idade Média, quando os árabes desenvolveram técnicas de destilação de plantas em larga escala. Logo depois, os chineses conseguiram extrair álcool etílico do vinho. O aperfeiçoamento da destilação aconteceu na Itália em 1320, e permitiu a produção regular de álcool a partir da Renascença. Os Cruzados difundiram pelo ocidente as fragrâncias originárias do mundo árabe, resgatando sua influência nos hábitos da população.
Foram os Cruzados que trouxeram consigo os primeiros óleos perfumados e as primeiras águas de rosas conhecidas no continente europeu, mas quem os comercializava foram os mercadores das cidades marítimas da Espanha e Itália, principalmente os Venezianos.
O seu comércio não se desenvolvia unicamente na Terra Santa e em Constantinopla, mas também nos portos da Síria, Líbano e Alexandria, no Egito. De todos estes lugares eram trazidas especiarias as quais se acrescentavam os óleos perfumados já prontos para usar, e também as águas de rosas, de violeta e de jasmim, cujos quais vendiam tudo para satisfazerem as necessidades dos senhores de classes mais elevadas. Além de produtos para as damas, os mercadores ofereciam perfumes intensos para os homens e incensos aromáticos que deveriam ser queimados nas casas para disfarçar os maus cheiros.

Idade Média
Durante a Idade Média, a perfumaria ficou adormecida. Havia apenas vestígios de medicina e farmácia praticadas com ervas aromáticas nos mosteiros. Neles, os jardins tiveram grande importância para o estudo e a descoberta das propriedades terapêuticas das plantas. A descoberta do álcool foi especialmente útil para fins terapêuticos e de higiene, pois muitos dos extratos alcoólicos vegetais eram usados na luta contra as epidemias, como a peste negra — que assolou a Europa durante séculos, a partir de 1347. Os extratos alcoólicos, contendo alecrim e resinas, eram administrados por via oral com fins medicinais. Pelas crenças da época, o banho devia ser evitado a qualquer custo, pois a água era considerada uma fonte de contaminação. Hoje se sabe que os agentes transmissores da peste eram as pulgas dos ratos. As pesquisas prosseguiram nas destilarias, e levaram aos processos de extração de diversos óleos essenciais.Não há um consenso histórico de que o perfume na Idade Média servia realmente para aliviar o mau cheiro, devido á falta de higiene, mas há uma concordância em afirmar que na França os fiéis lavavam-se sempre com muito cuidado aos domingos, antes de assistir uma cerimônia religiosa, para eliminar as “sujeiras” da alma e do corpo; os sacerdotes tomavam até um banho litúrgico antes de rezar a missa, utilizando os mesmos estrígeis, que tinham herdados dos romanos e, imediatamente depois de se secarem com panos quentes, untavam-se cuidadosamente com substâncias perfumadas.
 
Ainda na Idade Média, o perfume era restrito à camada nobre da população, e ganha a função de seduzir, principalmente a mulher para com o homem. Era uma forma de poder, como mostrou a rainha Isabel de Castela, ao incentivar os navegantes, a caminho das Índias, a levar especiarias e óleos essenciais, que passaram a ter valor comercial.



 Renascença

O acúmulo de riquezas vindas do comércio feito durante os séculos XIV e XV levou a prosperidade às cidades italianas, como Florença, o que estimulou grandes investimentos nas artes. A Officina Profumo di Santa Maria Novella, fundada oficialmente em 1612 em Florença data de 1221, quando os frades dominicanos iniciaram as atividades da farmácia que produzia essências, pomadas, bálsamos e outras preparações medicinais. Muitas dessas fórmulas, produzidas até os dias de hoje, foram estudadas durante a corte de Catarina de Médicis, nobre florentina que se mudou para a França em 1533, para se casar com o Rei Henrique II. Na caravana que acompanhou Catarina estava seu perfumista pessoal, Renato Bianco, conhecido como René Blanc, le florentin. René Blanc deu à França as primeiras lições na arte da perfumaria, e fundou a primeira boutique de perfumes em Paris, dando um impulso decisivo para a produção e comercialização de produtos aromáticos. A opulência, o esplendor, a extravagância e o refinamento surgiam nas famílias aristocratas e tomavam conta da corte européia. Nascia assim a Renascença. O interesse pela medicina e pela saúde cresceram, estimulando novos hábitos de higiene.
O Renascimento constituiu uma época transitória no que concerne a história do perfume. Nesta época, o perfume passou a ser sinal de nobreza e símbolo de sensualidade: os progressos da época e a descoberta das Américas trouxeram à cena novos odores. Catarina de Medici foi a responsável pelo lançamento da moda do perfume em Paris. Progressos técnicos importantes foram feitos no domínio da química e permitiram o aperfeiçoamento da destilação e da qualidade das essências.


Grasse
Os perfumes de Catarina de Médici eram feitos em Grasse, pequena cidade no sul da França, aos pés dos Alpes mediterrâneos. Grasse era então um centro da indústria de couro, e até aquele momento, não existia nenhum produto para limpar e perfumar o couro, especialmente o das delicadas luvas das senhoras. Desenvolveu-se então uma arte refinada, tarefa dos maîtres gantier parfumeurs (mestres perfumistas de luvas), que prosperaram em torno de Grasse. Aos poucos, a era das águas perfumadas com flores foi cedendo espaço a composições à base de almíscar. A preocupação com a higiene e os cuidados com o corpo permanecia.
Também considerava-se importante o cultivo de jardins, capazes de repelir os odores pestilentos comuns na época. Luis XIV, o “Rei Sol”, que era muito sensível a odores, tinha um perfume para cada dia da semana. Em sua corte, rosas e flores de laranjeira eram usadas para perfumar luvas, e os sabonetes de óleo de oliva faziam parte da higiene diária. As fragrâncias apreciadas por Luís XIV eram produzidas no sul da França. Grasse era a cidade do perfume, e tinha muitas vantagens geográficas para isso: a Provença tinha jardins em que as plantas do Oriente e da península ibérica cresciam maravilhosamente — especialmente as frutas cítricas e as flores, como rosa, cravo, tuberosas e jasmim.

A corte perfumada


Os centros culturais dessa época estimularam a difusão do perfume por toda a Europa. Na França, esse conceito foi intimamente associado ao rei Luis XV e à sua amante, Madame de Pompadour. Sua “corte perfumada" ditava a moda, a beleza e a arte da época, e era fiel ao estilo rococó. Com seu generoso estímulo, a realeza encorajou a prosperidade de Grasse, e a cidade passou então da fase artesanal para a de indústria da perfumaria. Com a descoberta de novas técnicas de extração de matérias primas perfumadas, muitas fábricas se desenvolveram nessa região. Mme. de Pompadour usou seu poder para influenciar a corte de Versailles, e estimulou a popularização do banho. Ela gastava horas no toalete; banhava-se com sabonetes de lavanda, outras flores e ervas. Usava adstringente e incrementava o penteado com pomadas perfumadas. Ela sempre tinha um vaso de jacinto ao seu redor. Incensários e recipientes de porcelana para potpourri encontravam-se espalhados pelos seus aposentos. A rosa era o elemento principal da maioria das fragrâncias, misturada à lavanda, ao cravo, noz-moscada, musgo de carvalho e íris. Violetas também eram muito apreciadas. As luvas tinham perfume de neróli, o óleo da flor de laranjeira.

Napoleão
No início do século XVIII foram lançados diversos livros sobre plantas, abordando inclusive o uso medicinal dos perfumes. O sueco Carl von Lineu foi um dos primeiros a desenvolver um sistema de classificações de odores. Em 1714, o italiano Giovanni Maria Farina, conhecido depois como Jean-Marie Farina, registrou na cidade de Colônia, na Alemanha, um produto batizado com o nome de Kölnisch Wasser (Água de Colônia).
A Água de Colônia era feita com essências naturais da Itália: neroli, bergamota, lavanda e alecrim diluídos em álcool neutro.
Começava então a jornada mundial da água de colônia, que é comercializada até hoje pela Roger Gallet. Mais tarde, em 1790, surgiu a célebre Kölnisch Wasser N* 4711, criada por Mülhens.
História do <b>perfume</b>Com a Guerra dos Sete Anos, a cidade de Colônia tinha um grande movimento: as tropas francesas estacionaram lá e a “água” de Farina ganhou um excelente "garoto propaganda": Napoleão Bonaparte. De acordo com a história, Napoleão despejava todas as manhãs um frasco inteiro de Água de Colônia sobre a cabeça.


Durante as guerras que Napoleão Bonaparte empreendia no início do século 19, ele carregava dentro de sua bota um frasco para perfumar-se entre um combate e outro. É a partir desta época que o perfume passa a ser cada vez mais associado aos rituais de higiene e beleza e a ascensão social.



Despertar perfumado

A França ganhou fama mundial pelas essências e matérias-primas produzidas em Grasse, o que motivou a formação de empresas produtoras de fragrâncias sólidas e tradicionais.
O mercado foi crescendo e levou ao surgimento das primeiras grandes marcas da perfumaria francesa: Guerlain, Pinaud, e Roger Gallet. Destaca-se, também, a Hermès, famosa na época por suas luvas perfumadas, e Molinard. Antes, em Londres, surgiram Yardley e Atkinsons. Na França, Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, proclamou-se imperador como o tio, e assumiu o título de Napoleão III, em 1851. Esposa de Napoleão III, a requintada espanhola Eugênia provocou um retorno triunfal da moda. Ela apresentou um novo modelo para o vestir, com os ombros de fora e saiotes. Seu estilo se deve ao inglês Charles Worth, o primeiro grande criador de moda moderno, que havia emigrado para Paris. No campo das fragrâncias, a eleita de Eugênia era a casa Guerlain. Os espartilhos utilizados na época eram tão apertados que chegavam a provocar desmaios nas mulheres. Elas eram reanimadas com a inalação de sais, misturas de fragrâncias e vapores de amônia levados em charmosos frascos de cheirar, as famosas smelling bottles.
A imperatriz veio socorrer as mulheres, lançando um novo estilo de perfume: Eau Impériale, uma mistura de notas cítricas e lavanda, fragrância reanimadora criada em 1861 por Guerlain.
A Eau Impériale foi apresentada em embalagem de vidro decorado com o brasão dos Bonaparte: abelhas pintadas à mão em ouro. O amor de Eugênia pelas artes estimulou o desenvolvimento da perfumaria francesa.


Nasce a indústria do perfume

Tour Eiffel - Paris - França



Nessa época, as fronteiras da perfumaria estavam para ser ultrapassadas nos laboratórios, com a descoberta das estruturas das moléculas perfumadas, e sua posterior síntese química. As mulheres estavam mudando, celebravam a arte de viver. A Belle Époque agitou a arte, a moda e a perfumaria de 1870 até a I Guerra Mundial (1914-1918). Surgiram a luz elétrica, o telefone, o automóvel, o cinema, e a moderna arquitetura — a Torre Eiffel era erguida em Paris.





Em 1900, perfumes e artigos de toalete ganharam espaço pela primeira vez na Exposição Internacional de
Blogue de jmgs :Recordar o passado, Exposição Internacional de Artes Decorativas - Paris 1925Artes Decorativas, evento que agitou a cidade. Vieram visitantes de todos os cantos da Europa. As francesas saíram às ruas. Mulheres elegantes lotavam os cafés parisienses exalando os mais variados perfumes. Fragrâncias contendo patchuli, heliotrópio, almíscar e baunilha criavam uma atmosfera sensual. Com a chegada do século XX, Paris era a mais chique das cidades. Em cada esquina havia cabeleireiro, loja de luvas perfumadas, butiques de lingerie da mais fina qualidade. Todos os objetos de desejo estavam disponíveis para atender a uma demanda crescente, que permaneceria assim até a década de 50. A indústria do perfume se tornou sinônimo de sofisticação, e os frascos mais requintados eram feitos em cristal Lalique. Na famosa Exposição Internacional das Artes Decorativas e das Indústrias Modernas, realizada em Paris em 1925, a perfumaria francesa, já definitivamente ligada à moda, se consagrou como um rico universo a ser continuamente explorado.


“ Os homens da Antiguidade se lavavam e se perfumavam. Os europeus da idade das tenebras não se lavavam e nem se perfumavam. Os da Idade Média e dos Tempos modernos, até os fins do século XVII eram sujos e perfumados. Os do século XIX se lavavam mas não se perfumavam."
John Trueman

Década de 1910

Mulher extraindo aroma de rosas no quadro Pot Pourri, de Herbert James Draper, 1897Se o século 19 tivesse um cheiro, certamente seria floral, com flores colhidas em Grasse, no sul da França. Devido à variedade botânica da região, a região foi um dos grandes centros perfumistas da época.
O floral representou o espírito barroco e rococó e a ultrafeminilidade que prevaleceu durante o período. Foi só em 1904, quando o químico Auguste Darzens descobriu como sintetizar aldeídos –  uma verdadeira revolução na perfumaria –, que outras possibilidades de fragrância foram desenvolvidas.

Vestido desenhado por Paul Poiret, em 1914As fragrâncias naturais, utilizadas até então, tinham um custo muito alto. Para se ter uma ideia, na produção de um litro de óleo de rosas eram necessárias três toneladas de pétalas, o que tornava a fragrância muito cara e restrita apenas às elites. A utilização de componentes sintéticos, no início da década de 1910, permitiu o surgimento de novos aromas e contribuiu para a democratização dos perfumes.

Desde que, em 1911, o estilista Paul Poiret abriu um laboratório nas dependências da sua casa e começou a produzir perfumes, moda e fragrâncias passaram a caminhar juntas, refletindo a atmosfera de um tempo.

 

Coco Chanel, revolução na moda e nas fragrânciasDécada de 1920


Assim como na moda, os anos 20 representam um grande marco na história da perfumaria. Utilizando os componentes sintéticos criados no início da década de 1910, Coco Chanel lançou, em 1921, o Chanel nº5. A novidade refletia o espírito das mulheres que, então, trocavam seus espartilhos por vestidos soltos, de cortes retos para dançar o charleston.


Frasco de Chanel nº5, reproduzido até mesmo na pop art de Andy Warhol Chanel nº5, o perfume apresentado por Ernest Beaux, um jovem perfumista ousado, incorporou aldeídos em grande quantidade que deram origem ao Chanel Cinco (conta-se que ele teria acrescentado acidentalmente, doze vezes mais a quantidade desejada). Os aldeídos já eram conhecidos há anos, porém a ousadia ficou por conta de Ernest, afinal um perfume feminino com aldeídos era visto como uma potência de odores.
A estilista Coco Chanel entusiasmou-se com o químico e pediu-lhe que guardasse a primeira fragrância que conseguisse realizar. O jovem apresentou-lhe várias, marcando os frascos com números seqüenciais correspondentes á ordem de fabricação. Chanel elegeu o frasco de número 5, porque era o seu número da sorte, seguindo a sua intuição decidiu apresentá-lo durante um desfile de moda no dia cinco de maio, quinto mês, do ano de 1921. Foi um sucesso estrondoso que se repetiu no ano seguinte, ainda com mais força com o perfume número 22 e, em 1970, com o número 19, que é o dia do nascimento de Chanel.
Andy WarholA revolução de Chanel, também deve ser vista sob o aspecto da popularização do luxo, já que dessa maneira, á partir do número 5, qualquer pessoa podia perfumar-se e seduzir. Chanel continuou sua ascensão e tornou-se a estilista mais famosa do mundo. O design do frasco foi inspirado na obra de um pintor tão famoso e genial quanto Chanel; Pablo Picasso; que presenteou a estilista em 1920 com uma tela “O frasco de perfume”.
Anos mais tarde, o perfume ficou famoso quando Marilyn Monroe confessou usar apenas algumas gotas dele para dormir. Andy Warhol também homenageou o Chanel nº5 ao estampar nove silk screens dos frascos art decó da fragrância, que se contrapunha aos frascos ornamentados das décadas anteriores.


Arpége, de Jeanne Lanvin

Década de 1930

Em 1930, Jeanne Lanvin decidiu criar uma fragrância emblemática em homenagem ao trigésimo aniversário de sua filha, que simbolizasse algo como o Chanel nº5 para Coco. Foi então que nasceu Arpége, a fragrância que leva sessenta ingredientes – e uma das mais populares da época.




Joy, de Jean PatouNo mesmo ano, Jean Patou, imersa na depressão econômica que o mundo vivia após a crise de 1929, decidiu criar um perfume para “curar o cinismo daqueles tempos”. Misturando rosas búlgaras e jasmins franceses de Grasse, criou, contra toda a lógica econômica da época, Joy (alegria, em inglês), o perfume mais caro até então.

 

Década de 1940

Le air du temps, Nina Ricci


Com o fim da Segunda Guerra Mundial, um espírito de progresso e liberdade toma conta do mundo. Em homenagem aos novos tempos Nina Ricci inventa Le Air Du Temps, um floral especiado com uma pomba branca na tampa.


New Look da Dior, 1947


 
Os ares dos novos tempos também invadem a moda, com o surgimento do New Look de Dior. Em 1947, com suas saias rodadas e cinturas marcadas, ele se opôs à dureza dos cortes e ao racionamento de tecidos impostos pela guerra.






Pensando em um perfume que simbolizasse à altura essa nova mulher, surge no mesmo ano o Miss Dior, perfume pertencente à família do Chipre, grupo aromático que reflete os cheiros de musgos de carvalho com bergamota característicos da ilha de Chipre, no Mar Egeu. É o princípio do olhar voltado ao estrangeiro na moda – e no mundo.

 

 

Década de 1950

Audrey Hepburn e o american way of life no filme Bonequinha de Luxo, 1961


A história do mundo ganha um novo eixo a partir dos anos 1950, com a ascensão dos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. É a vez do cinema hollywoodiano com suas divas que levam para o mundo o chamado american dream, um estilo de vida que representava a possibilidade de uma vida rica e próspera para todos.



Youth - Dew, Perfume para Mujer de Estee Lauder


Representando essa nova era da hegemonia americana, Estée Lauder, uma das pioneiras na indústria da estética nos Estados Unidos lança, em 1953, o Youth Dew, um perfume oriental especiado que representava o nascimento de um espírito prático e revolucionário. O frasco, amarrado por um lacinho, já representava a nova geração de bonequinhas de luxo que surgia nos Estados Unidos.

 

Década de 1960

Vestido desenhado por Paco Rabanne, em 1967


Na década em que a única constante era a mudança, o rock embalou e trouxe à cena a juventude e o espírito revolucionário da época. Em 1969, Paco Rabanne, um legítimo revolucionário que chocou a moda com seus vestidos de plástico e metal, leva a mesma ousadia para sua fragrância. Calandre foi criada para ser “uma fragrância tão avant-garde que chocaria o mundo”.




Calandre, de Paco RabanneMisturando notas que lembrassem as florestas, os oceanos e até mesmo os bancos de couro de um carro esportivo, Rabanne queria um perfume que capturasse a essência do amor, deixando que o tema determinasse toda a composição de sua fragrância. Foi assim que ele apagou as fronteiras entre moda, perfumaria e arte.




 

Década de 1970

A modelo Veruschka e o casaco saharienne da coleção de Yves Saint Laurent, 1969No embalo dos perfumes que tentavam captar a essência de uma época, a geração dos anos 1970 viveu entre as notas do amor livre da geração hippie e o individualismo da geração yuppie.
Com a Guerra do Vietnã, o interesse pelas culturas fora do eixo Estados Unidos-Europa passa a fazer parte da temática de grandes estilistas como Yves Saint Laurent, que, após lançar sua coleção saharienne, em 1969, revolucionou a indústria de perfumes em 1977, com o lançamento de Opium.



Opium, de Yves Saint Laurent



Combinando essências de incenso, musk e patchouli, Opium trouxe o espírito hippie e os aromas do Oriente para a perfumaria. Desde então, os perfumes passaram cada vez mais a se ligar às casas de moda, fortalecendo as marcas.

Perfume chloe



Em 1975 aparece o primeiro perfume prêt-à-porter, Chloé, num frasco de vidro jateado, inspirado nos anos 30.

 

 

 

 

Década de 1980

Poison, da DiorSe nas ruas e nas empresas as mulheres disputavam – e ganhavam – seu espaço, os perfumes que surgiram durante os anos 1980 não eram diferentes. Combinando flores orientais e brancas como gardênia e jasmin, os perfumes femininos desta época vêm para marcar território.
É o caso do Poison, da Dior, Obsession, da Calvin Klein, e do Giorgio, da Giorgio Armani - aromas marcantes e encorpados que estavam para a perfumaria assim como as ombreiras estavam para as mulheres da época: fortes e independentes.

Ck One, da Calvin Klein  

 

Década de 1990

 Quem viveu os anos de 1990 viu o mundo encolher e apagar fronteiras. Com o desenvolvimento da internet e a globalização, surge um novo tempo, em que culturas e pessoas de todo o mundo passam a se envolver como nunca. É em meio a este contexto que, em 1994, surge o CK One, da Calvin Klein, com uma fragrância cítrica e unissex, tornando-se o primeiro perfume a virar um sucesso mundial.


perfume issey miyake

Minimalista, no frasco e na fragrância, o CK One, segue mais ou menos os mesmo princípios do L’eau d’Issey, de Issey Miyake, que também incoporou sua estética clean e minimalista.




Angel, de Thierry Mugler



É também nesta época os gourmants ganham espaço, como o Angel, de Thierry Mugler, maior sucesso da perfumaria dos anos 1990. Com notas predominantes de baunilha, chocolate, e outros aromas vindos da culinárias, estes perfumes caem como uma luva para as mulheres sensuais que emergem nos anos 1990 e viram hits, especialmente no Brasil.

 

 

Década de 2000

Femininos, mas com um toque mais encorpado, os florais voltam com alguma força, mas sempre com toques amadeirados e traços marcantes, representando a mulher desta década. Sem se preocupar tanto com a conquista de seu espaço, que já aparece relativamente consolidado, a nova mulher volta ao passado para resgatar suas origens.
Agora, elas são tratadas como as “princesas da nova era” . O grande marco nesta categoria foi o Miss Dior Chérie, criado em 2006, que mistura notas florais e de Chipre, uma leitura do Miss Dior de 1947 para a mulher dos anos 2000.


Womanity, de Thierry Mugler

Outro traço desta década está na prevalência dos gourmants, perfumes que valorizam o os contrastes entre aromas culinário, como o novo Womanity, de Thierry Mugler, lançado em 2010, que mistura aromas doces e salgados. Este foi o perfume perfeito para encerrar a década, pois sintetiza o espírito da mulher e da perfumaria dos nossos tempos: marcante e paradoxal, mas capaz de fundir com beleza as diferenças.

 

Década de 2010


Pure DKNY Perfume for Women

“Há desde os doces, que dão água na boca, até os vintage com notas verdes, toques de rosas ou for de laranjeira”, . Outro ponto de destaque: a perfumaria entra na onda verde e começa a adotar ingredientes ecologicamente corretos. Ícone da década: Pure, DKNY.




Fonte:PassaNeura ,Blog de A a Z,Fashion Bubbles,Perfumaria Essência,Moda Spot,Blog Boudoir da Maquiagem,Portal São Francisco