Tanto o português "perfume", como o francês "parfum", o italiano
"profumo" e o inglês "perfume" derivam efetivamente do latim fumus,
talvez em uma referência às volutas de fumaça perfumada que subiam aos
céus durante os ritos em homenagem aos deuses.
As fragrâncias, que tinham um processo de fabricação muito caro, saem
do âmbito do divino e passam a ser associadas a luxo e status, até
passarem por um processo de democratização, que ocorre nos primeiros
anos século 20, com o surgimento das fragrâncias sintéticas. Da
representação do divino à consagração nas grandes casas de moda, entenda
a história dos perfumes e sua relação com o espírito das décadas
durante o século 20 até os dias atuais.
A história dos perfumes, que começou há cerca de 4 mil a.C. no
Egito Antigo e Mesopotâmia, teve suas raízes no divino. Durante os
rituais religiosos, acreditava-se que, por meio de sua fumaça, as
mensagens chegavam mais rapidamente aos deuses, daí a origem latina
per fumus
(através da fumaça).No entanto, foram só os persas que, séculos mais
tarde, desenvolveram a técnica de extrair óleos das flores por meio da
destilação, processo semelhante ao usado nos dias atuais.
Egito
Nossos ancestrais primitivos tomaram conhecimento dos perfumes
através dos odores agradáveis que exalavam as florestas em chamas.
Algumas árvores como cedro e pinheiro com seus troncos odoríferos
eram queimadas com o intuito dos aromas exalados agradarem aos deuses.
Fragrâncias agradáveis utilizadas nestes rituais (sândalo, casca de
canela, raízes de cálamo, mirra, incenso) que envolviam sacrifícios
animais, serviam para invocar os deuses e disfarçar os cheiros
desagradáveis dos animais mortos.
Assim, os primeiros perfumes surgiram sob a forma de
fumo, conforme o nome nos sugere.
A arte da elaboração do perfume nasceu no Antigo Egito, datado de
3.200 a.C., homenageavam seus deuses acreditando que as suas orações
eram atendidas mais rapidamente através da fumaça aromática e untavam os
cadáveres com óleos essenciais no processo de
mumificação, representando este gesto a eternidade.
Muitos
arqueólogos encontraram vasos de perfume, mais precisamente no túmulo
de Tutankámon, que curiosamente preservaram a essência perfumada . Estes frascos antigos eram feitos de
alabastro e pedra, devido a não serem porosos permitiram a preservação
do aroma por mais tempo.
A produção de um perfume era considerada uma dádiva dos deuses,
ficando os sacerdotes ( autoridades religiosas ) responsáveis pelo seu
fabrico. Os templos, assim, foram transformados em verdadeiros
laboratórios, onde os principais clientes eram os faraós e os membros
mais importantes da sociedade.
A civilização egípcia era considerada avançada, apesar de sua
antigüidade, para eles eram muito importantes os vestidos, as perucas,
as jóias, a maquiagem como os ungüentos e os perfumes, que em ocasiões
eram mais caros e apreciados do que o ouro e a prata.
Sua grande e quase mitológica rainha Cleópatra,
tinha rituais perfumados, untava suas mãos com óleos de rosas, açafrão e
violetas e perfumava os pés com uma loção feita à base de extratos de
amêndoa, mel, canela, flor de laranjeira e alfena. Foi a primeira mulher
egípcia a utilizar o perfume como “arte de sedução”, como conta a história, ela era mais charmosa e envolvente do que realmente bela.
Como era realmente Cleópatra e seu desenho
Seduziu o general romano Marco Antonio e o Imperador Júlio César
usando um perfume à base de óleos extraídos das flores de henna,
açafrão, menta e zimbr.
Grécia
Por volta de 800 a.C., as cidades de Atenas e Corinto já exportavam óleos de flores e plantas maceradas: rosa, lírio, íris, sálvia, tomilho, manjerona, menta e anis.
Desde então, os aromas eram populares entre os gregos, que cultivavam a arte de utilizar óleos perfumados. Usados pelos atletas e amados pelos poetas, esses preparados tornavam ainda mais atraentes as mulheres de Atenas. Os gregos apreciavam incensos e fórmulas aromáticas, e acreditavam atrair a atenção dos deuses ao usá-los.
Eles usavam perfumes até mesmo na comida: pétalas de rosas moídas eram ingredientes de receitas sofisticadas e o vinho era aromatizado com mirra, essências de flores e mel perfumado.
A mitologia ilustra a importância do perfume na cultura grega, e a história confirma esse fato.
Uma lenda cita o buquê favorito de Baco, deus do vinho: violetas, rosas e jacintos adicionados à bebida.
Babilônia
Por volta de 650 a.C a cidade da Babilônia, na Mesopotâmia, tornou-se o centro
comercial de especiarias e perfumes da época. Conquistado dois séculos
mais tarde por Alexandre, o grande, rei dos persas, o império caldeu tornou-se
parte da civilização helênica. A influência persa na vida grega incentivou
a apreciação de plantas exóticas e o uso de perfumes e incensos. Alexandre
entregou sementes e mudas de plantas da Pérsia ao seu professor em Atenas,
Teofrasto, que criou um jardim botânico e foi autor do primeiro tratado sobre
cheiros. Esse livro detalhava receitas de preparados aromáticos e perfumes,
descrevendo prazos de validade e indicando usos terapêuticos. O texto diz
que os perfumes deviam ser protegidos do sol, pois a luz e o calor
alteravam seu odor. Essa lição é válida até hoje. Após sua morte aos 33 anos,
Alexandre foi cremado em uma pira carregada de olíbano e mirra. Graças à riqueza
de alguns manuscritos, resgatados pelo historiador Heródoto, conhecemos as
primeiras experiências na extração de cheiros de pétalas e folhas, e de seus
usos e funções no preparo de ungüentos, loções e perfumes.
Os perfumes desempenhavam um papel
importante na vida de um casal; o marido devia proporcioná-los á esposa,
tanto como ato de amor como para o rito de purificação. Toda a
população utilizava óleos purificadores; os pobres deviam se contentar
em purificarem-se com óleo de gergelim, enquanto os ricos podiam fazê-lo
com finos óleos de murta e de cedro.
Roma
Na antiguidade, o termo odor era ligado apenas ao olfato. A palavra
perfume foi adotada apenas séculos depois, quando os romanos levaram do
Egito a Roma o hábito de aromatizar ambientes com óleos essenciais das
plantas. O paladar uniu-se ao olfato e as essências passaram a ser
usadas também em bebidas, como os vinhos. Essa junção teria dado origem
ao termo, que ganhou significado bem mais abrangente do que um simples
odor.
Para
sua terra, os romanos levaram, também, a cultura dos banhos orientais,
criando os balneários. Saudavam nobres e até gladiadores com pétalas e
água de rosas. Eles adaptaram os banhos aromáticos dos orientais, de
natureza higiênica, e os transformaram em verdadeiros encontros sociais.
Mais tarde, esse lado social ganhou conotação de libertinagem sexual, e
os banhos coletivos viraram bacanais. Podemos dizer que, por isso,
quando se fala em casas de banho, saunas e massagens, para muitos vem a
ideia da prostituição.
Império Romano
O vasto império conquistado pelos romanos contribuiu muito para a expansão
da perfumaria, pois eles consumiam aromas de maneira intensa. O comércio de
matérias primas perfumadas foi estimulado pela criação de rotas comerciais
para a Arábia, Índia e China. No período imperial, o gosto dos romanos por
incensos e perfumes passou dos limites imagináveis, e criou um desequilíbrio
na balança de pagamentos do império. Aproximadamente 500 toneladas de mirra
e 250 toneladas de olíbano chegavam a Roma pelo mar. Até os cavalos eram perfumados!
No século III, Roma se tornou a capital mundial do banho, luxuoso ritual jamais
visto em qualquer outra cultura. O banho incluía poções aromáticas variadas.
Os cidadãos mais ricos tinham até as solas dos pés perfumadas por escravos.
Na cidade podiam ser encontradas mais de 100 casas de banho públicas e privadas,
freqüentadas por todas as classes sociais.
Os aromas da natureza continuaram a ser utilizados como proteção ao
longo dos tempos. Jesus Cristo, ao nascer, recebeu três presentes dos
reis magos: ouro, incenso (olíbano – resina usada em turíbulos nas
igrejas) e mirra. Maria Madalena, ao lavar os pés de Cristo num gesto de
devoção e fé, usou óleos de nardo e valeriana, de origem asiática.
Mercadores de cultura
Os árabes descobriram
o método da destilação e preparou a primeira água de rosas do mundo, isolando
o perfume das pétalas em forma de óleo (o attar, produzido na Síria).
Esse conhecimento, que foi sendo transferido de geração em geração, representou
um grande passo na história da perfumaria. Seu apogeu foi na Idade Média,
quando os árabes desenvolveram técnicas de destilação de plantas em larga
escala. Logo depois, os chineses conseguiram extrair álcool etílico do vinho.
O aperfeiçoamento da destilação aconteceu na Itália em 1320, e permitiu a
produção regular de álcool a partir da Renascença. Os Cruzados difundiram
pelo ocidente as fragrâncias originárias do mundo árabe, resgatando sua influência
nos hábitos da população.
Foram os Cruzados
que trouxeram consigo os primeiros óleos perfumados e as primeiras
águas de rosas conhecidas no continente europeu, mas quem os
comercializava foram os mercadores das cidades marítimas da Espanha e
Itália, principalmente os Venezianos.
O seu comércio não se desenvolvia unicamente na Terra Santa e em
Constantinopla, mas também nos portos da Síria, Líbano e Alexandria, no
Egito. De todos estes lugares eram trazidas especiarias as quais se
acrescentavam os óleos perfumados já prontos para usar, e também as
águas de rosas, de violeta e de jasmim, cujos quais vendiam tudo para
satisfazerem as necessidades dos senhores de classes mais elevadas. Além
de produtos para as damas, os mercadores ofereciam perfumes intensos
para os homens e incensos aromáticos que deveriam ser queimados nas
casas para disfarçar os maus cheiros.
Idade Média
Durante a Idade Média, a perfumaria ficou adormecida. Havia apenas vestígios
de medicina e farmácia praticadas com ervas aromáticas nos mosteiros. Neles,
os jardins tiveram grande importância para o estudo e a descoberta das propriedades
terapêuticas das plantas. A descoberta do álcool foi especialmente útil para
fins terapêuticos e de higiene, pois muitos dos extratos alcoólicos vegetais
eram usados na luta contra as epidemias, como a peste negra — que assolou
a Europa durante séculos, a partir de 1347. Os extratos alcoólicos, contendo
alecrim e resinas, eram administrados por via oral com fins medicinais. Pelas
crenças da época, o banho devia ser evitado a qualquer custo, pois a água
era considerada uma fonte de contaminação. Hoje se sabe que os agentes transmissores
da peste eram as pulgas dos ratos. As pesquisas prosseguiram nas destilarias,
e levaram aos processos de extração de diversos óleos essenciais.Não há um consenso histórico de que o perfume na Idade Média servia
realmente para aliviar o mau cheiro, devido á falta de higiene, mas há
uma concordância em afirmar que na França os fiéis lavavam-se sempre com
muito cuidado aos domingos, antes de assistir uma cerimônia religiosa,
para eliminar as “sujeiras” da alma e do corpo; os sacerdotes tomavam
até um banho litúrgico antes de rezar a missa, utilizando os mesmos
estrígeis, que tinham herdados dos romanos e, imediatamente depois de se
secarem com panos quentes, untavam-se cuidadosamente com substâncias
perfumadas.
Ainda na Idade Média, o perfume era restrito à camada nobre da
população, e ganha a função de seduzir, principalmente a mulher para com
o homem. Era uma forma de poder, como mostrou a rainha Isabel de
Castela, ao incentivar os navegantes, a caminho das Índias, a levar
especiarias e óleos essenciais, que passaram a ter valor comercial.
Renascença
O acúmulo de riquezas vindas do comércio feito durante os séculos XIV e XV
levou a prosperidade às cidades italianas, como Florença, o que estimulou
grandes investimentos nas artes. A Officina Profumo di Santa Maria Novella,
fundada oficialmente em 1612 em Florença data de 1221, quando os frades dominicanos
iniciaram as atividades da farmácia que produzia essências, pomadas, bálsamos
e outras preparações medicinais. Muitas dessas fórmulas, produzidas até os
dias de hoje, foram estudadas durante a corte de Catarina de Médicis, nobre
florentina que se mudou para a França em 1533, para se casar com o Rei Henrique
II. Na caravana que acompanhou Catarina estava seu perfumista pessoal, Renato
Bianco, conhecido como René Blanc, le florentin. René Blanc deu à França as
primeiras lições na arte da perfumaria, e fundou a primeira boutique de
perfumes
em Paris, dando um impulso decisivo para a produção e comercialização de produtos
aromáticos. A opulência, o esplendor, a extravagância e o refinamento surgiam
nas famílias aristocratas e tomavam conta da corte européia. Nascia assim
a Renascença. O interesse pela medicina e pela saúde cresceram, estimulando
novos hábitos de higiene.
O Renascimento constituiu uma época transitória no que concerne a história do perfume. Nesta época, o perfume passou a ser sinal de nobreza e símbolo de sensualidade: os progressos da época e a descoberta das Américas trouxeram à cena novos odores. Catarina de Medici foi a responsável pelo lançamento da moda do perfume em Paris. Progressos técnicos importantes foram feitos no domínio da química e permitiram o aperfeiçoamento da destilação e da qualidade das essências.
Grasse
Os perfumes de Catarina de Médici eram feitos em Grasse, pequena cidade
no sul da França, aos pés dos Alpes mediterrâneos. Grasse era então um centro
da indústria de couro, e até aquele momento, não existia nenhum produto para
limpar e perfumar o couro, especialmente o das delicadas luvas das senhoras.
Desenvolveu-se então uma arte refinada, tarefa dos maîtres gantier parfumeurs
(mestres perfumistas de luvas), que prosperaram em torno de Grasse. Aos poucos,
a era das águas perfumadas com flores foi cedendo espaço a composições à base
de almíscar. A preocupação com a higiene e os cuidados com o corpo permanecia.
Também considerava-se importante o cultivo de jardins, capazes de repelir
os odores pestilentos comuns na época. Luis XIV, o “Rei Sol”, que
era muito sensível a odores, tinha um perfume para cada dia da semana.
Em sua corte, rosas e flores de laranjeira eram usadas para perfumar luvas,
e os sabonetes de óleo de oliva faziam parte da higiene diária. As fragrâncias
apreciadas por Luís XIV eram produzidas no sul da França.
Grasse era a cidade do perfume, e tinha muitas vantagens geográficas para isso: a Provença tinha jardins em que as plantas do Oriente e da península ibérica cresciam maravilhosamente
— especialmente as frutas cítricas e as flores, como rosa, cravo, tuberosas
e jasmim.
A corte perfumada
Os centros culturais dessa época estimularam a difusão do perfume por
toda a Europa. Na França, esse conceito foi intimamente associado ao rei Luis
XV e à sua amante, Madame de Pompadour. Sua “corte perfumada" ditava
a moda, a beleza e a arte da época, e era fiel ao estilo rococó. Com seu generoso
estímulo, a realeza encorajou a prosperidade de Grasse, e a cidade passou
então da fase artesanal para a de indústria da perfumaria. Com a descoberta
de novas técnicas de extração de matérias primas perfumadas, muitas fábricas
se desenvolveram nessa região. Mme. de Pompadour usou seu poder para influenciar
a corte de Versailles, e estimulou a popularização do banho. Ela gastava horas
no toalete; banhava-se com sabonetes de lavanda, outras flores e ervas. Usava
adstringente e incrementava o penteado com pomadas perfumadas. Ela sempre
tinha um vaso de jacinto ao seu redor. Incensários e recipientes de porcelana
para potpourri encontravam-se espalhados pelos seus aposentos. A rosa era
o elemento principal da maioria das fragrâncias, misturada à lavanda, ao cravo,
noz-moscada, musgo de carvalho e íris. Violetas também eram muito apreciadas.
As luvas tinham perfume de neróli, o óleo da flor de laranjeira.
Napoleão
No início do século XVIII foram lançados diversos livros sobre plantas, abordando
inclusive o uso medicinal dos perfumes. O sueco Carl von Lineu foi
um dos primeiros a desenvolver um sistema de classificações de odores. Em
1714, o italiano Giovanni Maria Farina, conhecido depois como Jean-Marie Farina,
registrou na cidade de Colônia, na Alemanha, um produto batizado com o nome
de Kölnisch Wasser (Água de Colônia).
A Água de Colônia era feita com essências naturais da Itália: neroli, bergamota, lavanda e alecrim diluídos
em álcool neutro.
Começava então a jornada mundial da água de colônia,
que é comercializada até hoje pela Roger Gallet. Mais tarde, em 1790, surgiu
a célebre Kölnisch Wasser N* 4711, criada por Mülhens.
Com a Guerra dos Sete Anos, a cidade de Colônia tinha um grande movimento
: as tropas francesas estacionaram lá e
a “água” de Farina ganhou um excelente "garoto propaganda":
Napoleão Bonaparte. De acordo com a história, Napoleão despejava todas as
manhãs um frasco inteiro de Água de Colônia sobre a cabeça.
Durante as guerras que Napoleão Bonaparte empreendia no início do
século 19, ele carregava dentro de
sua bota um frasco para perfumar-se
entre um combate e outro. É a partir desta época que o perfume passa a
ser cada vez mais associado aos rituais de higiene e beleza e a ascensão
social.
Despertar perfumado
A França ganhou fama mundial pelas essências e matérias-primas produzidas
em Grasse, o que motivou a formação de empresas produtoras de fragrâncias
sólidas e tradicionais.
O mercado foi crescendo e levou ao surgimento
das primeiras grandes marcas da perfumaria francesa: Guerlain, Pinaud,
e Roger Gallet. Destaca-se, também, a Hermès, famosa na época por suas luvas
perfumadas, e Molinard. Antes, em Londres, surgiram Yardley e Atkinsons. Na
França, Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, proclamou-se imperador como
o tio, e assumiu o título de Napoleão III, em 1851. Esposa de Napoleão III,
a requintada espanhola Eugênia provocou um retorno triunfal da moda. Ela apresentou
um novo modelo para o vestir, com os ombros de fora e saiotes. Seu estilo
se deve ao inglês Charles Worth, o primeiro grande criador de moda moderno,
que havia emigrado para Paris. No campo das fragrâncias, a eleita de Eugênia
era a casa Guerlain. Os espartilhos utilizados na época eram tão apertados
que chegavam a provocar desmaios nas mulheres. Elas eram reanimadas com a
inalação de sais, misturas de fragrâncias e vapores de amônia levados em charmosos
frascos de cheirar, as famosas smelling bottles.
A imperatriz veio socorrer as mulheres, lançando
um novo estilo de perfume: Eau Impériale, uma mistura de notas
cítricas e lavanda, fragrância reanimadora criada em 1861 por Guerlain.
A Eau Impériale foi apresentada em embalagem
de vidro decorado com o brasão dos Bonaparte: abelhas pintadas à
mão em ouro. O amor de Eugênia pelas artes estimulou o desenvolvimento da
perfumaria francesa.
Nasce a indústria do perfume
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Tour Eiffel - Paris - França |
Nessa época, as fronteiras da perfumaria estavam para
ser ultrapassadas nos laboratórios, com a descoberta das estruturas das moléculas
perfumadas, e sua posterior síntese química. As mulheres estavam mudando,
celebravam a arte de viver. A Belle Époque agitou a arte, a moda e a perfumaria
de 1870 até a I Guerra Mundial (1914-1918). Surgiram a luz elétrica, o telefone,
o automóvel, o cinema, e a moderna arquitetura — a Torre Eiffel era erguida
em Paris.
Em 1900, perfumes e artigos de toalete ganharam espaço pela
primeira vez na Exposição Internacional de
Artes Decorativas, evento que agitou
a cidade. Vieram visitantes de todos os cantos da Europa. As francesas saíram
às ruas. Mulheres elegantes lotavam os cafés parisienses exalando os mais
variados perfumes. Fragrâncias contendo patchuli, heliotrópio, almíscar
e baunilha criavam uma atmosfera sensual. Com a chegada do século XX, Paris
era a mais chique das cidades. Em cada esquina havia cabeleireiro, loja de
luvas perfumadas, butiques de lingerie da mais fina qualidade. Todos os objetos
de desejo estavam disponíveis para atender a uma demanda crescente, que permaneceria
assim até a década de 50. A indústria do perfume se tornou sinônimo
de sofisticação, e os frascos mais requintados eram feitos em cristal Lalique.
Na famosa Exposição Internacional das Artes Decorativas e das Indústrias Modernas,
realizada em Paris em 1925, a perfumaria francesa, já definitivamente ligada
à moda, se consagrou como um rico universo a ser continuamente explorado.
“ Os homens da Antiguidade se
lavavam e se perfumavam. Os europeus da idade das tenebras não se
lavavam e nem se perfumavam. Os da Idade Média e dos Tempos modernos,
até os fins do século XVII eram sujos e perfumados. Os do século XIX se
lavavam mas não se perfumavam."
John Trueman
Se o século 19 tivesse um cheiro, certamente seria floral, com flores
colhidas em Grasse, no sul da França. Devido à variedade botânica da
região, a região foi um dos grandes centros perfumistas da época.
O floral representou o espírito barroco e rococó e a
ultrafeminilidade que prevaleceu durante o período. Foi só em 1904,
quando o químico Auguste Darzens descobriu como sintetizar aldeídos –
uma verdadeira revolução na perfumaria –, que outras possibilidades de
fragrância foram desenvolvidas.
As fragrâncias naturais, utilizadas até então, tinham um custo muito
alto. Para se ter uma ideia, na produção de um litro de óleo de rosas
eram necessárias três toneladas de pétalas, o que tornava a fragrância
muito cara e restrita apenas às elites. A utilização de componentes
sintéticos, no início da década de 1910, permitiu o surgimento de novos
aromas e contribuiu para a democratização dos perfumes.
Desde que, em 1911, o estilista Paul Poiret abriu um laboratório nas
dependências da sua casa e começou a produzir perfumes, moda e
fragrâncias passaram a caminhar juntas, refletindo a atmosfera de um
tempo.
Década de 1920
Assim como na moda, os anos 20 representam um grande marco na
história da perfumaria. Utilizando os componentes sintéticos criados no
início da década de 1910, Coco Chanel lançou, em 1921, o Chanel nº5. A
novidade refletia o espírito das mulheres que, então, trocavam seus
espartilhos por vestidos soltos, de cortes retos para dançar o
charleston.
Chanel nº5, o perfume apresentado por Ernest
Beaux, um jovem
perfumista ousado, incorporou aldeídos em grande quantidade que deram
origem ao Chanel Cinco (conta-se que ele teria acrescentado
acidentalmente, doze vezes mais a quantidade desejada). Os aldeídos já
eram conhecidos há anos, porém a ousadia ficou por conta de Ernest,
afinal um perfume feminino com aldeídos era visto como uma potência de
odores.
A estilista Coco Chanel
entusiasmou-se com o químico e pediu-lhe que guardasse a primeira
fragrância que conseguisse realizar. O jovem apresentou-lhe várias,
marcando os frascos com números seqüenciais correspondentes á ordem de
fabricação. Chanel elegeu o frasco de número 5, porque era o seu número
da sorte, seguindo a sua intuição decidiu apresentá-lo durante um
desfile de moda no dia cinco de maio, quinto mês, do ano de 1921. Foi um
sucesso estrondoso que se repetiu no ano seguinte, ainda com mais força
com o perfume número 22 e, em 1970, com o número 19, que é o dia do nascimento de Chanel.
A revolução de Chanel, também deve ser
vista sob o aspecto da popularização do luxo, já que dessa maneira, á
partir do número 5, qualquer pessoa podia perfumar-se e seduzir. Chanel
continuou sua ascensão e tornou-se a estilista mais famosa do mundo. O
design do frasco foi inspirado na obra de um pintor tão famoso e genial
quanto Chanel; Pablo Picasso; que presenteou a estilista em 1920 com uma
tela “O frasco de perfume”.
Anos mais tarde, o perfume ficou famoso quando Marilyn Monroe
confessou usar apenas algumas gotas dele para dormir. Andy Warhol também
homenageou o
Chanel nº5 ao estampar nove silk screens dos frascos
art decó da fragrância, que se contrapunha aos frascos ornamentados das décadas anteriores.
Década de 1930
Em 1930, Jeanne Lanvin decidiu criar uma fragrância emblemática em
homenagem ao trigésimo aniversário de sua filha, que simbolizasse algo
como o
Chanel nº5 para Coco. Foi então que nasceu
Arpége, a fragrância que leva sessenta ingredientes – e uma das mais populares da época.
No mesmo ano, Jean Patou, imersa na depressão econômica que o mundo
vivia após a crise de 1929, decidiu criar um perfume para “curar o
cinismo daqueles tempos”. Misturando rosas búlgaras e jasmins franceses
de Grasse, criou, contra toda a lógica econômica da época,
Joy (alegria, em inglês), o perfume mais caro até então.
Década de 1940
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, um espírito de progresso e
liberdade toma conta do mundo. Em homenagem aos novos tempos Nina Ricci
inventa
Le Air Du Temps, um floral especiado com uma pomba branca na tampa.
Os ares dos novos tempos também invadem a moda, com o surgimento do
New Look
de Dior. Em 1947, com suas saias rodadas e cinturas marcadas, ele se
opôs à dureza dos cortes e ao racionamento de tecidos impostos pela
guerra.
Pensando em um perfume que simbolizasse à altura essa nova mulher, surge no mesmo ano o
Miss Dior,
perfume pertencente à família do Chipre, grupo aromático que reflete os
cheiros de musgos de carvalho com bergamota característicos da ilha de
Chipre, no Mar Egeu. É o princípio do olhar voltado ao estrangeiro na
moda – e no mundo.
Década de 1950
A história do mundo ganha um novo eixo a partir dos anos 1950, com a
ascensão dos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. É a vez do
cinema hollywoodiano com suas divas que levam para o mundo o chamado
american dream, um estilo de vida que representava a possibilidade de uma vida rica e próspera para todos.
Representando essa nova era da hegemonia americana, Estée Lauder, uma
das pioneiras na indústria da estética nos Estados Unidos lança, em
1953, o
Youth Dew, um perfume oriental especiado que
representava o nascimento de um espírito prático e revolucionário. O
frasco, amarrado por um lacinho, já representava a nova geração de
bonequinhas de luxo que surgia nos Estados Unidos.
Década de 1960
Na década em que a única constante era a mudança, o rock embalou e
trouxe à cena a juventude e o espírito revolucionário da época. Em 1969,
Paco Rabanne, um legítimo revolucionário que chocou a moda com seus
vestidos de plástico e metal, leva a mesma ousadia para sua fragrância.
Calandre foi criada para ser “uma fragrância tão
avant-garde que chocaria o mundo”.
Misturando notas que lembrassem as florestas, os oceanos e até mesmo
os bancos de couro de um carro esportivo, Rabanne queria um perfume que
capturasse a essência do amor, deixando que o tema determinasse toda a
composição de sua fragrância. Foi assim que ele apagou as fronteiras
entre moda, perfumaria e arte.
Década de 1970
No embalo dos perfumes que tentavam captar a essência de uma época, a
geração dos anos 1970 viveu entre as notas do amor livre da geração
hippie e o individualismo da geração yuppie.
Com a Guerra do Vietnã, o interesse pelas culturas fora do eixo
Estados Unidos-Europa passa a fazer parte da temática de grandes
estilistas como Yves Saint Laurent, que, após lançar sua coleção
saharienne, em 1969, revolucionou a indústria de perfumes em 1977, com o
lançamento de
Opium.
Combinando essências de incenso, musk e patchouli,
Opium
trouxe o espírito hippie e os aromas do Oriente para a perfumaria. Desde
então, os perfumes passaram cada vez mais a se ligar às casas de moda,
fortalecendo as marcas.
Em 1975 aparece o primeiro
perfume prêt-à-porter, Chloé, num frasco de vidro jateado, inspirado nos
anos 30.
Década de 1980
Se nas ruas e nas empresas as mulheres disputavam – e ganhavam – seu
espaço, os perfumes que surgiram durante os anos 1980 não eram
diferentes. Combinando flores orientais e brancas como gardênia e
jasmin, os perfumes femininos desta época vêm para marcar território.
É o caso do
Poison, da Dior,
Obsession, da Calvin Klein, e do
Giorgio, da
Giorgio Armani - aromas marcantes e encorpados que estavam para a
perfumaria assim como as ombreiras estavam para as mulheres da época:
fortes e independentes.
Década de 1990
Quem viveu os anos de 1990 viu o mundo encolher e apagar fronteiras.
Com o desenvolvimento da internet e a globalização, surge um novo tempo,
em que culturas e pessoas de todo o mundo passam a se envolver como
nunca. É em meio a este contexto que, em 1994, surge o
CK One, da Calvin Klein, com uma fragrância cítrica e unissex, tornando-se o primeiro perfume a virar um sucesso mundial.
Minimalista, no frasco e na fragrância, o CK One, segue mais ou menos
os mesmo princípios do L’eau d’Issey, de Issey Miyake, que também
incoporou sua estética clean e minimalista.
É também nesta época os gourmants ganham espaço, como o
Angel,
de Thierry Mugler, maior sucesso da perfumaria dos anos 1990. Com notas
predominantes de baunilha, chocolate, e outros aromas vindos da
culinárias, estes perfumes caem como uma luva para as mulheres sensuais
que emergem nos anos 1990 e viram hits, especialmente no Brasil.
Década de 2000
Femininos, mas com um toque mais encorpado, os florais voltam com
alguma força, mas sempre com toques amadeirados e traços marcantes,
representando a mulher desta década. Sem se preocupar tanto com a
conquista de seu espaço, que já aparece relativamente consolidado, a
nova mulher volta ao passado para resgatar suas origens.
Agora, elas são tratadas como as “princesas da nova era” . O grande marco nesta categoria
foi o
Miss Dior Chérie, criado em 2006, que mistura notas florais e de Chipre, uma leitura do
Miss Dior de 1947 para a mulher dos anos 2000.
Outro traço desta década está na prevalência dos gourmants, perfumes
que valorizam o os contrastes entre aromas culinário, como o novo
Womanity,
de Thierry Mugler, lançado em 2010, que mistura aromas doces e
salgados. Este foi o perfume perfeito para encerrar a
década, pois sintetiza o espírito da mulher e da perfumaria dos nossos
tempos: marcante e paradoxal, mas capaz de fundir com beleza as
diferenças.
Década de 2010
“Há desde os doces, que dão água na boca, até os
vintage
com notas verdes, toques de rosas ou for de laranjeira”, . Outro ponto de destaque: a perfumaria entra na onda verde e
começa a adotar ingredientes ecologicamente corretos. Ícone da década:
Pure, DKNY.
Fonte:PassaNeura ,Blog de A a Z,Fashion Bubbles,Perfumaria Essência,Moda Spot,Blog Boudoir da Maquiagem,Portal São Francisco