Várias peças e acessórios usados pelas mulheres compõem
o que chamamos de lingerie, as conhecidas roupas de baixo. Formada por calcinhas,
sutiãs, cintas-ligas, espartilhos e algumas outras peças, a
lingerie desperta todo tipo de fantasias. Segundo Freud, a relação
do erotismo com as roupas íntimas nada mais é do que o fetiche,
ou feitiço. Isso acontece quando a satisfação pessoal
se dá através de objetos ou ornamentos.
O cinema e as revistas também ajudaram a criar um clima de sedução
e fantasia, despindo as musas de suas roupas e deixando-as apenas com suas
roupas de baixo, cada vez mais bonitas e elaboradas.
A lingerie passou por uma série de transformações ao
longo do tempo, acompanhando as mudanças culturais e as exigências
de uma nova mulher que foi surgindo, principalmente durante o século
20. A evolução tecnológica possibilitou o surgimento
de novos materiais, que tornou a lingerie mais confortável e durável,
duas exigências da vida moderna.
A história da lingerie começa por volta do segundo milênio
antes de Cristo. Em Creta, as mulheres usavam um corpete simples que sustentava
a base do busto, projetando os seios nus. Essa "moda" era inspirada
na Deusa com Serpentes, ideal feminino da época.
No período Arcaico grego, surgiu o proto soutien,
uma tirinha de pano, geralmente vermelho, que enrolavam sob os seios, para os
envolver, levantar e sustentar, mantendo-os firmes , impedindo que tremessem ao
andar. Os primeiros registros que mostram modelos de “calcinhas” datam do ano 40 A .
C. : Em Roma,eram pedaços de algodão, linho ou lã amarrada ao corpo como
fraldas.Na Grécia, a necessidade de usá-la surgiu por
causa da preocupação das mulheres em cobrirem suas intimidades.
Elas banhavam-se nas fontes da cidade de Atenas, usando túnicas e um
pequeno triângulo de tecido amarrado com fios nos quadris.
Após a invasão de Roma, surge a faixa chamada fascia, que tinham como
objetivo comprimir os seios para que não crescessem. E caso a natureza
vencesse, usava-se um couro macio para esmagar o busto, era o mamilare. Para as
privilegiadas que tinham seios pequenos, havia o écharpe, que envolvia os seios
sem comprimi-los.
Após a queda do império romano e invasões celtas e germânicas, a preocupação de
sustentar os seios desaparece por vários séculos e com ela, o soutien
Na Idade Média, surgiram os ancestrais do corselete. Um deles era
a "Cota", uma túnica com cordões. O outro era conhecido como "Beaud",
uma espécie de corpete amarrado atrás ou nas laterais, que apertava
o busto como uma couraça e era costurado à uma saia plissada.
O "Sorquerie" era uma "Cota" muito justa também conhecida como guarda-corpo
ou corpete. E havia ainda o "Sucote", um colete enfiado por cima do vestido
e amarrado.
Na Idade Média, o puritanismo velava para que as vestes não permitissem
qualquer excessos. No século 13, o decote é escondido pelo tassel
(um triângulo feito de tecido transparente negro, mas, na verdade, uma
esperteza das mulheres para fazer entrever o início dos seios). Uma
curiosidade da época: os católicos toleravam a moda dos decotes, mas
castigavam os vestidos demasiadamente curtos, pois os pés – e mais ainda
as panturrilhas – tinham mais poderes eróticos do que os seios.
Tudo escondendo o busto, mas isto
era apenas o início do período da tortura pela universalização deste juízo
estético,o que durou até o fim da primeira guerra mundial. Tendo mudado apenas
os vários materiais empregados na sua confecção e o grau com que o espartilho,
precursor do soutien apertava e matava aos poucos as mulheres.
Havia ainda o cinto de castidade, contraceptivo
metálico ajustado em torno da genitália feminina e trancado a chave pelo marido
ou pelo amante desconfiado e paranóico. Mais que um contraceptivo, um
instrumento de tortura. Uns cobriam apenas a região da vagina, outros nem o
ânus deixavam de fora. Na hora do aperto, as usuárias tinham de se aliviar
através das frestas e orifícios disponíveis em pontos estratégicos, os quais
eram mínimos, além de protegidos por lâminas ou hastes pontiagudas, para evitar
o acesso de algum dedo mal-intencionado. Sem o amparo de higiene,
transformava-se em foco de doenças. E pensar que o uso do cinto podia se
prolongar por meses. As esposas dos cruzados usavam frequentemente, talvez para
garantir que não seriam traídos na longa ausência.
Quando um cavaleiro saia a caminho das Cruzadas encomendava um novo cinto para
sua mulher e parte sem saber que o ferreiro do castelo fizera uma duplicata da
chave.
Segundo James Brundage, renomado especialista em
sexualidade medieval, o cinto de castidade só foi usado para valer por homens,
não por mulheres. Maneira mais segura que se encontrou para preservar a
integridade física de prisioneiros à mercê de guardas mal intencionados.
A professora Felicity Riddy, juntamente com outro estudioso, do centro de
estudos Medievais da Universidade de York, está prestes a publicar um ensaio
contradizendo o tema, dizendo que o símbolo máximo da repressão sexual e do
machismo medieval, não passou de fantasia vitoriana e promete provar isso com
farta documentação. Aponta ainda os satiristas Guillaume de Machaut e Rabelais
como os responsáveis pela mitologia que se criou em torno do cinto de
castidade.
Só no final da Idade Média, em torno do século XV,
durante o ducado da Borgonha, a mulher é livre
novamente para se vestir e considerada pelos puritanos como pecadora natural,
ou seja um caso perdido. Usava-se um cinto sob o busto, para
sustentar os seios, realçando-os sob o vestido. Algumas usavam uma espécie de
colete que achatavam os seios e realçavam o ventre, enfatizando o culto à
fertilidade, retorno ao período paleolítico 20000 A .C. O decote se torna cada
vez mais audacioso.
No fim da Idade Média, a silhueta começa a ficar mais marcada, com
adereços extravagantes, como cintos, véus e decotes profundos. Agnes
Sorel é um nome famoso na história da lingerie. A francesa, amante do Rei Carlos VII, foi retratada com um seio à mostra, no quadro A virgem de Melun,
de Jean Fouquet. Na corte francesa, Sorel reinava sobre a moda,
firmando o estilo cintura alta apertada e decote enfatizado com veludo.
No renascimento, século XV, a
época da exaltação erótica. Certamente, esta época aguçou a captação de
estímulos, abrindo os pontos de percepção, os sentidos,da maioria dos homens,
apesar de escandalizar a muitos, que através da opinião formada, experiência
estética, voltam a oprimir as mulheres.
Volta a sustentação dos seios por peças rígidas ,
era o "Vasquim", corpete amarrado nas costas, com forro pespontado, reforçado por
fios de latão. Havia ainda, as gaiolas, corpete de metal, usado por mulheres com
má formação.
Com o fim do renascimento, reina o sofrimento absoluto para as mulheres, que
usavam o "Corps Pique", que elimina o ventre, apertando a cintura e dá ao busto o
aspecto de cone, amarrado com uma haste, que pesava até 1 kg, enfiada em um
encaixe e costurada no tecido do corpete. O aperto ao corpo feminino era tanto,
que suas costelas chegavam a se cruzar.BustoPrisioneiro, fim do decote, época
da reforma e contra – reforma.
Mas as mulheres dão um jeito, não dura muito, mas... Principalmente as meretrizes,
que usavam a gougandine, espartilho amarrado e entreaberto na frente.
Sustentavam os seios e as costas, quando era necessário assistir longas
cerimônias na corte. Até 7 de setembro de 1675, só os homens fabricavam roupas
íntimas e se aproveitavam para apalpar as mulheres. Vindo à tona este fato, o
parlamento autoriza costureira a fazê-lo para acabar com a libertinagem.
As costureiras, também vítimas da tirania do espartilho, tinham aguçado seu
espaço potencial, lugar entre o exterior, a realidade que as escravizava, e o
interior, onde já materializavam criativamente, peças mais confortáveis, já que
os desmaios, principalmente após as refeições eram comuns. A vida das mulheres
tem uma melhora substancial, por ora. No século XVII, os padres faziam sermões
contra a nudez do busto, perdoavam algumas e as mais ousadas ganhavam palmadas
no bumbum resolvendo a questão.
As calças de baixo femininas se difundiram mesmo no século XVI, como imitação
das masculinas.
No século XVI, Catarina de Medicis usou o culote, ainda inspirado nas calças
masculinas para montar a cavalo. O culote era um tipo de calça cigarrete larga
criada para que as mulheres pudessem se movimentar mais à vontade, sem ficar
com seu sexo exposto.
Nos séculos XVIII e início do XIX, as dançarinas e femes de theatre, artistas
das artes performáticas, a dança, delicada, insinuante, mas controladas por
decretos de lei, eram obrigadas a usar roupas de baixo, porque ao dançar,
levantavam às vezes as pernas acima da cintura.
As “calcinhas” descritas acima, não eram usadas por todo o povo, a maioria das
mulheres nem sonhavam em tê-la. Apenas as mulheres da realeza usavam o culote.
Mas a história das calcinhas
caracterizado pelo uso mesmo, deu início no séc.XVIII, em que
dançarinas de cabaret, foram obrigadas por decreto de lei, a usar esta
peça, devido aos movimentos da dança que deixavam à mostra as genitais,
uma verdadeira afronta à moral da época e hoje em dia também, não é...As
calcinhas usadas por elas tinham graciosas camadas
de babadinhos e rendas, que acompanhavam harmoniosamente os movimentos
da apresentação. Nessa época somente as mulheres do cabaret, libertinas,
usavam a peça. Mulheres de família, moças direitas? Nem pensar!
Somente no século XVIII é que as mulheres começam a
respirar, literalmente, um pouco mais aliviadas. É que as hastes de
madeira e metal foram substituídas pelas barbatanas de baleia. Os decotes
aumentaram e os corseletes passaram a ser confeccionados para comprimir a
base do busto, deixando os seios em evidência. Também foi nesta
época que os corseletes ganharam sofisticação. Eram bem
trabalhados com bordados, laços e tecidos adamascados. E, a partir
de 1770, junto com as idéias iluministas que culminaram com a Revolução
francesa, houve uma espécie de cruzada anti-espartilho. Médicos,
escritores, filósofos militavam contra os corseletes.
Em 1759, há uma revolução médica pedagógica contra o corpete. Uma verdadeira
campanha para varrer da vida das mulheres essa indumentária que as aleijavam.
Surge vindo da Inglaterra corpete sem barbatanas, vestidos sobre a blusa e um
simples saiote.
As mulheres usaram então, musselinas e tules, lindos, transparentes,
sedutores... Mas a pneumonia atacou aqueles corpos acostumados à escravidão e
não a liberdade, e o número de mortes superou ao do período do terror do
corpete, por isto ele espartilho volta, mas agora, sem barbatanas,
maravilhosos, de veludo ou cetim.
A calcinha surgiu por necessidade
mesmo, até como quesito de urgência. E no início houve muita resistência
por parte das mulheres. No séc.XIX as mulheres começaram a usar a
crinolina, uma armação de metal, super leve e mais confortável, a última
tecnologia da época para armações de saias. Eram variados formatos e
tamanhos e as mulheres pareciam navios de tão espaçosas que ficavam. A
leveza das armações era de impressionar, uma anágua era o suficiente. As
damas andavam, e saias iam pra lá, pra cá , pareciam balões em
movimento. Mas a leveza, tinha o lado negativo, qualquer vento, as saias
levantavam, e às vezes deixavam à mostra o que não era para ser visto.
"Embora não soe como tal, as crinolinas ofereciam riscos as suas
usuárias. Entre os riscos que proporcionava estava a vulnerabilidade à
ventanias, causada por seu formato de balão: há relatos de mulheres em portos que foram levadas ao mar, onde se afogaram".
Foi diante dos pudores, que surgiram
as pantaloons, uma espécie de calção feminino, de tecido natural,
geralmente de linho e algodão, que de início tinha comprimento até os
tornozelos e rendada neste local.
No início, muitas mulheres resistiram
ao uso, por ser masculino, da má fama, e dos transtornos para ir ao
banheiro. Mas era necessário. As pernas estavam cobertas e a prova de
ventanias.
. Uma série de invenções marcou o século. Em 1823, criaram o espartilho
mecânico, com polias e colchetes para que a mulher pudesse desatá-lo
sozinha e em um minuto. Nessa época, o espartilho também podia ser atado
“à la paresseuse”, isto é, por um sistema de cordões elásticos pensado
para que a mulher se vestisse sem ajuda.
Em 1828, surgiram os ilhoses de metal, por onde passam os
cordões. Com grampos para fechar os espartilhos, eles davam mais
segurança que os ilhoses bordados. Tecidos mais resistentes começaram a
ser usados nos espartilhos, como o fustão e o nanquim da Índia. Em 1832,
o suíço Jean Werly abre a primeira fábrica de espartilhos.
O estilo romântico, com cintura marcada, mangas bufantes e saias em
formato sino, marcou os anos 1830. Uma década depois, o espartilho e a
crinolina continuam a revelar uma mulher sedutora, mas enfeitada com
babados e fitas, colchetes, pences e presilhas. Nos anos 1850, começa a
confecção de diversos modelos em série: espartilhos nupciais,
espartilhos de baile, de cetim branco, para manhã, para noite, para
dança, com bojos, com presilhas, de camurça, de cinza-pérola, de cetim
azul Nilo, de seda cor de hortênsia, de renda Chantilly, fita de seda de
Pequim ou renda guipure da Irlanda.
Em 1889, Herminie Caddole inventou o primeiro
“corpete para seios”, uma idéia simples e genial que invertia as forças
de suporte, agora com alças apoiadas nos ombros. Assim, novas lingeries
conquistaram espaço no mundo da moda.
Além do corselete, as roupas íntimas eram compostas
por calças que chegavam até os joelhos, cheias de babadinhos.
No final de século XIX, foi criado na França o precursor do
soutien, numa tentativa de oferecer às mulheres mais conforto do que
o repressor espartilho. A boutique de Heminie Cadolle elaborou um modelo em
tecido à base de algodão e seda, semelhante aos modelos atuais.
A partir de 1900, o espartilho começou a se tornar mais flexível.
Os balés russos de Serge de Diaghliev faziam muito sucesso em Paris.
E seus trajes neo-orientais inspiraram costureiros como Paul-Poiret e Madeleine
Vionnet que inventaram roupas que formavam uma silhueta mais natural.
Em 1914 o soutien foi devidamente reconhecido e patenteado nos Estados Unidos
pela socialite nova-iorquina Mary Phelps Jacob. Era feito com dois lenços,
um pedaço de fita cor-de-rosa e um pouco de cordão. Ela resolveu
vender a patente a uma fábrica de roupas femininas, a Warner Brothers
Corset Company, por 15 mil dólares da época. Era o início
da industrialização do lingerie, porém havia poucas opções
de tamanho e o ajuste era feito por presilhas nas alças.
Com o início da Primeira Guerra
Mundial, a mulher teve de trabalhar nas fábricas. Isso fez com ela
precisasse de uma nova lingerie que lhe permitisse movimentação.
Por isso, o espartilho foi substituído pela cinta. Como no caso do soutien , as calcinhas
começam a ganhar os contornos das que conhecemos hoje. Quanto mais a mulher
ganhava espaço na sociedade, mais a calcinha diminuia.
Nos anos 20, as roupas íntimas eram formadas por um conjunto de cintas,
saiotes, calcinhas, combinações e espartilhos mais flexíveis.
E a lingerie passou a ter outras cores, além do tradicional branco.
O sutiã era feito com dois triângulos de crepe, jérsei ou cambraia,
presos em um elástico que passava sobre os ombros e cruzava as costas. A
sua função era achatar o busto. Em 1935, surge o primeiro modelo com
bojos e pespontos circulares, pois nesse período o desejo feminino já
era outro: ter seios empinados.
Em 1923, a palavra “soutien-gorge” aparece pela primeira vez nos
dicionários franceses. A partir de 1926, o conceito moderno de sutiã se
define com mais precisão. Os fabricantes buscam produzir modelos que se
ajustam às formas femininas com naturalidade.
Um acessório sensual muito usado na década de 20 foi a cinta-liga,
criada para segurar as meias 7/8. Dançarinas do Charleston exibiam
suas cintas-ligas por baixo das saias de franjas, enquanto se sacudiam ao
som frenético das jazz-bands.
O sutiã se impõe nos Estados Unidos. Todas as publicidades da época
insistiam na palavra “sustentar”. Ao longo da década, os fabricantes
tentam respeitar a diversidade das silhuetas femininas, propondo roupas
íntimas mais confortáveis.
Vários modelos foram lançados: com alças elásticas, com bojo sem
costura, com enchimento, com armação. Em 1939, é lançado um dos
best-sellers da história do sutiã: um modelo com bojos fundos e
pontudos, com pespontos circulares. Sucesso na década de 1950, ele é
revisitado nos anos 1980 por Jean-Paul Gaultier e adotado por Madonna.
Ainda nos anos 30, a cinta-liga era o
único acessório disponível para prender as meias das
mulheres, que só tiveram as meias-calças à sua disposição
a partir da década de 40, com a invenção do náilon
em 1935.
Em 1930, a Dunlop Company inventou um fio elástico muito fino, o
látex. A roupa de baixo passou a ser fabricada em modelagens que respeitavam
ainda mais a diversidade dos corpos femininos. E ,a partir de 1938, a Du Pont
de Nemours anunciou a descoberta do náilon. E as lingeries coloridas,
finalmente, tornam-se bem populares. Mas em 1939, com o início da Segunda
Guerra Mundial, o náilon saiu do setor de lingerie e foi para as fábricas
de pára-quedas.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, o New Look do costureiro Dior, lançado
em 1947, propunha a volta da elegância e dos volumes perdidos durante
o período da guerra. Para acompanhar a nova silhueta proposta pelo
costureiro, a lingerie precisava deixar o busto bem delineado e a cintura
marcadíssima. Surgiram os sutiãs que deixavam os seios empinados
e as cintas que escondiam a barriga e modelavam a cinturinha.
Data de 1950 a invenção da lycra,
o “fio mágico”. Adeus pinças, recortes, fechos e colchetes: a lycra
pode se associar a materiais mais finos como seda, tule e renda,
ajustando-os perfeitamente às curvas do corpo. Nesta época, o estilo pin-up de Jane Russell, Sophia Loren e Anita Ekberg estrelavam as fantasias masculinas
O náilon deixou as peças mais leves, mas a vedete da época era o sutiã
very secret, de 1952. Feito com duas almofadas de ar finas, fazia o
efeito de seios globo, tão sonhado pelas mulheres. Pela primeira vez, a francesa Les Trois Suisses publica um catálogo inteiramente dedicado à lingerie.Outro modelo de
sucesso foi o sutiã peito-de-pombo, cujo corte aproximava e levantava os
seios.
Em 1955, a lingerie fina conquista espaço na moda, com novos modelos e renda preta de náilon, linho, seda e até tule.
Fabricantes de lingerie dos Estados Unidos, Inglaterra e França focam as
adolescentes como novo público-alvo. São dessa época as primeiras
campanhas publicitárias inovadoras de lingerie. Em tempos de revolução
dos costumes, com o top less nas praias de Saint-Tropez, o rock de
Woodstock e as barricadas de Paris, a revolução sexual levou muitos
fabricantes de lingerie à ruína. Mas as marcas que resistiram cresceram e
se tornaram respeitadas.Na década de 60, com
a revolução sexual, o sutiã chegou até a ser queimado
em praça pública, num ato pela liberdade feminina. Uma geração
de mulheres afirmava, em 1980, não usar nada por baixo das camisetas
ou de seus jeans, mas os tempos mudaram e a moda trouxe tantas novidades em
cores, materiais e estilos, indo do esportivo todo em algodão, ao mais
sofisticado modelo em rendas e fitas, que as mulheres chegaram a gastar mais
em roupas de baixo do que em qualquer outro item de guarda-roupa ainda durante
os anos 80.
No final dos anos 70 e início dos 80, a inspiração
romântica tomou conta da moda. Cinta-liga, meias 7/8 e corseletes, sem
a antiga modelagem claustofóbica, voltaram à moda. Rendas, laços
e tecidos delicados enfeitavam calcinhas e sutiãs.
A década dos “excessos” apostou nos sutiãs “big bang”, que
dividiam espaço com modelos criativos, com cores, estampas e texturas
inovadoras. Graças à revolução têxtil, à lycra, às microfibras e às
rendas em todos os estilos imagináveis (do étnico ao camponês
romântico), os sutiãs conquistam refinamento e conforto inigualáveis. O
sutiã cônico outwear, lançado por Jean Paul Gaultier, faz sucesso no
corpo de Madonna durante a turnê Blonde Ambition.
A década de 80 a cantora Madonna consagrou a exposição
da lingerie, usando soutiens, corpetes e cintas-ligas como roupas, e não
mais como underwear (roupa de baixo). O público feminino adotou a idéia
e a explora até hoje.
Dos anos 90 até os dias de hoje, a lingerie, assim como a moda, não
segue apenas um único estilo. Modelagens retrô, como os caleçons,
convivem com as calcinhas estilo cueca. Os sutiãs desestruturados dividem
as mesmas prateleiras com os modelos de bojo. Tecidos naturais, como o algodão,
são vendidos nas mesmas lojas de departamento que os modelos com tecidos
tecnológicos.
A criação
de um modelo curioso nos anos 90: uma calcinha com bumbum falso, que contém
um enchimento de espuma de nylon de vários tamanhos e modelagens.
Em 1999, acontece o primeiro Victoria’s Secret Fashion Show,
transformando a grife em uma das mais cobiçadas do mundo. Entre as top
models que já foram angels, destacam-se as veteranas Linda Evangelista,
Cindy Crawford e Heidi Klum, além das brasileiras Adriana Lima,
Alessandra Ambrósio, Carol Trentini, Raquel Zimmermann e, claro, Gisele
Bündchen. Em 2005, a übermodel brasileira desfilou com o bra fantasy, lançado pela primeira vez em 1996, de seda vermelha com rubis e diamantes, valendo mais de 12 milhões de dólares.
A indústria de lingerie, por sua vez,
elabora modelos cada vez mais sensuais e de materiais confortáveis.
Transparências passaram a revelar belos soutiens e corseletes, usados
até mesmo em ocasiões formais. Perto do ano 2000, as alcinhas
de soutien são propositadamente deixadas à mostra. Revelando
que as roupas íntimas estão longe de servir apenas para manter
a higiene e conforto das mulheres, mas fazer parte da moda e do arsenal de
sedução.
Nos sutiãs a modelagem fica mais sofisticada. Surge o push-up, que levanta e une os
seios. Os bojos ganham bolhas estrategicamente situadas para aumentar e
modelar os seios pequenos e médios. Surgem peças com recortes capazes
de diminuir os peitos grandes e outras são feitas especialmente para as
próteses de silicone. Além disso, os sutiãs se adaptam a cada tipo de
decote graças às alças removíveis.
O estilo continua a ser reinventado, a cada temporada, com editoriais e
desfiles. A tecnologia está nas invenções de linhas focando o conforto
(modelos sem costura), o bem-estar e opções utilitárias, como as peças
com ativos anticelulite, bactericidas e aloe vera.
No livro Sutiãs e espartilhos, Béatrice Fontanel diz que o
sutiã é a peça de roupa mais complexa na moda, tanto que robôs são
incapazes de costurá-lo. Por isso, a indústria da roupa íntima precisa
sempre de mão-de-obra especializada. Muitas marcas fabricam seus sutiãs
em outros países, como Portugal, Tunísia, Marrocos, Grécia e Turquia.
Para se montar um sutiã com perfeição, é preciso separar as
intervenções: cada artesão fica encarregado de uma costura, às vezes
minúscula.
"Não existiria moda sem a moda íntima.“ Christian Dior
Fonte: Site Manequim,Site Almanaque Folha, Site Lucitex,Site Moda Spot,