A camisa é uma roupa secular e a que melhor expressa elegância e liberdade ao mesmo tempo. Teve seu surgimento em terras egípcias sob o nome de kalasiris que era uma vestimenta reta, costurada dos lados, com abertura somente para passar a cabeça. (embora ainda se assemelhasse mais a uma camiseta comprida)
.
Em Roma foi chamada de “subúcula” e funcionava como roupa intima
(vestido de dormir)
ou uma camisa para se usar abaixo da túnica o que foi sua função
durante muito tempo. Era uma peça tão importante nos tempos antigos que
era adicionada aos dotes ofertados.
Até quase o final do século XVIII, as
camisas dos homens não deviam aparecer, eram usadas como uma camada
entre o corpo e o traje externo. As mulheres usavam um tipo de camisa
feminina com a mesma intenção. O que importava era que essa roupa
pudesse ser lavada com mais facilidade e freqüência - relativamente
falando – do que um vestido ou casaco, que, no caso das classes ricas,
muitas vezes não podiam de modo algum passar por uma limpeza, devido à
profusão de bordados e outros ornamentos. Uma camisa branca simples
podia aparecer sob o decote de um vestido, mas era considerada,
realmente, roupa de baixo. Como os vestidos eram confeccionados como
peça única, não foi senão depois que o tailleur se tornou popular, nos
anos 1880, que a blusa de feitio e confecção semelhantes aos de uma
camisa – como as camisas femininas eram então conhecidas – tornou-se
necessária.
Mas é a partir do século XVIII que a camisa começa a sair de debaixo das
roupas para se transformar num elemento de destaque tornando-se popular
apenas ao final da II Guerra Mundial. Conhecida por ter gola, punho e
botões frontais em toda sua extensão, os designs e estilos variam muito
dentro dos ditames da moda, porém sua melhor evolução foi passar a fazer
parte tanto do guarda-roupa masculino, quanto do feminino!
No final do século XIX, a camisa colegial
feminina já era bastante parecida com a camisa social de hoje: sem
enfeites “eduardianos” (rendas, bordados, nervuras, tudo em muita
quantidade). Já em 1910 o uso de tais enfeites passou a ser considerado
fora de moda, antiquado. O corre-corre cotidiano pedia roupas mais
simples e fáceis de tratar.
No começo do século XX essa camisa branca e de algodão, a chemise,
era usada por muitas mulheres norte-americanas, por causa da facilidade
em mantê-las, pois eram mais fáceis de lavar do que as de seda e outros
materiais que os estilistas da época adoravam usar nas coleções
femininas. Nessa época, várias mulheres estavam no mercado de trabalho
(recepcionistas, telefonistas, entre outras trabalhadoras de
escritório), e a camisa de colarinho branco, de uso geral, apresentava
pequenas diferenças do modelo masculino (babadinhos e aplicações).
Sempre usadas com saias, compunham um visual uniforme, sóbrio, adequado
para a vida profissional nas cidades grandes.O colarinho branco era usado no início
apenas pelas classes mais altas. Os operários usavam camisas azuis.
Na década de 1920 a camisa clássica era
nada mais nada menos que a blusa de marinheiro, bem folgada, presa ao
quadris, e era uma adaptação da roupa infantil (coisa curiosa que
aconteceu muito naquela época). Era usada para a prática de esportes,
para atividades informais.
Ainda no início do século XX, Coco Chanel
pegou uma camisa do armário masculino e passou a usá-la,mas não se
tornou moda popular. Chanel simplificou enormemente o
guardar-roupa feminino, por exemplo, deixando de usar os espartilhos,
que na realidade só poderiam ser usados mesmo, em todo o seu esplendor,
pelas mulheres ricas, já que essa peça tolhia os movimentos e demorava a
ser vestida. Chanel percebeu que ficava melhor com roupas simples,
inspiradas no guarda-roupa masculino, e era inteligente o suficiente
para explorar sua descoberta. Com a escassez de produtos por causa da
guerra, a simplicidade tornou-se norma, e as roupas perderam os
enfeites, tornando-se mais sóbrias, coisa que já se via no guarda-roupa
de Chanel.
Hoje, muito do que ela criou é visto como elegante e
clássico. Ela realmente criou peças belas
e simples, mais apropriadas para um mundo onde a agilidade e a
praticidade estavam sendo mais e mais cobradas.
Depois dessa época, a camisa branca vai
causar mais impacto na moda já nos anos de 1940. As moças pegavam as
camisas que seus pais não queriam mais e usavam com seus jeans, mas
sempre para trabalhos em casa. Para usar a camisa em outras atividades
ela precisava ser muito bem arrumada, passada e engomada.
Nos anos 50 a camisa feminina mais chique
era a Bettina, de Givenchy, lançada em sua primeira coleção, em 1952.
Com seus babados nas mangas, era bem complicada de tratar, e somente
mulheres ricas poderiam tê-la – seja por causa do preço, seja por que
teriam que ter quem passasse a ferro.
Foi nessa década que a atriz Audrey
Hepburn fez uso desta peça e lançou moda mundo afora, de verdade. Daí
por diante ela foi mais e mais incorporada ao vestuário feminino.
Chanel e Hepburn pegaram camisas que
realmente eram usadas por homens, dos armários deles, mas isso não quer
dizer que as mulheres antes não usassem camisas também. A diferença é
que as camisas usadas por elas, as que se tornaram parte do uniforme
profissional urbano, foram as masculinas: bem grandes (folgadas), com
colarinho pontudo, botões do pescoço até embaixo, punhos com botões – a
famosa camisa social. As camisas femininas não eram tão retas e “secas”
quanto as masculinas, nem eram tão largas.
Mais tarde em 1970 com o aparecimento do feminismo, Marlene Dietrich e
Katharine Hepburn continuram a eterniza-la.
Na década de 80 Vivienne
Westwood lança uma coleção de camisas brancas inspiradas em piratas e
depois disso um desfile de ícones: Kim Basinger em 9 ½ Weeks, Pulp
Fiction com Uma Thurman, Carolina Herrera e suas inseparáveis camisas
brancas.
E enfim nós no shopping, em um jantar, no aniversário ou
indo ali no supermercado!
Esta peça pode ser
confeccionada em variadas matérias primas: algodões, linhos, sedas,
cetins, crepes; podendo seguir a moda ou simplesmente criar uma ao seu
estilo.
Fonte:Blog Casa Alberto,Rosa Atual,Rosa Mulher,Blog Glam& Chic,Blog Lu Ribeiro